O CANTO DAS ORIGENS
Nos Montes de Viriato,
musical de José Carlos Godinho, interpretado pelos alunos de Artes do
Espectáculo – Interpretação, da Escola Secundária D. Pedro V, Lisboa,
30/5/2018. Encenação e direcção de actores de Victor Sezinando.
Aos primeiros acordes fica-se expectante.
O que virá a seguir? Soam as primeiras vozes, perfeitamente afinadas, para quem
não aprendeu canto, e percebe-se que perante os nossos olhos não se vai
desenrolar apenas um espectáculo que acaba com o apagar da última luz. Há ali
qualquer coisa que parece vir de longe, de um tempo longínquo que pouco a pouco
se reconhece nas palavras e na voz interior que as alimenta. Há ali qualquer
coisa que perdura para lá do espectáculo e do momento. Estas vozes não falam
apenas da pátria, sobretudo não falam da pátria segundo um padrão ideológico,
falam de identidade, de uma identidade primordial, a que podemos chamar pátria
só por que é difícil encontrar outra palavra. Quem for alérgico à palavra
pátria, pode chamar-lhe raízes ou origens e estará, no fundo, a dizer a mesma
coisa.
Sendo um musical infanto-juvenil,
adivinha-se na composição das sequências uma certa dimensão pedagógica, assim
como quem diz “Vou contar-te uma história, a tua história, a história de todos
nós”. Pouco importam então os séculos, os milénios (tudo começou há cerca de
1150 anos, cerca de 300 anos antes da independência de Portugal), pouco importa
a cronologia ou a exactidão dos factos, importa o profundo sentimento de união
e a íntima sensação de partilhar as mesmas raízes. Penso que mesmo quem não é
português apreendeu desta experiência aquela misteriosa certeza de fazer parte
de um todo, quer o todo seja um povo, um país ou a própria humanidade. Se houve
ontem, haverá amanhã, só é preciso manter vivas as raízes, senti-las como
nossas, sabendo que elas são coordenadas num mapa invisível, individual e
colectivo.
Ao longo deste breve musical, vimos
entrelaçar-se a epopeia com o lirismo, a simples humanidade com o heroísmo, a
perseverança e a lealdade maculadas pela traição, o anseio de liberdade e a
consciência da identidade colectiva. É possível que um público exclusivamente
infantil não apreenda conscientemente tudo isto, mas nenhum público fica
indiferente. Sai-se dali de alma cheia como quem recebeu o privilégio de se
sentir mais vivo por ser quem é, por estar onde está. É uma forma maravilhosa
de revalorizar Portugal e lembrar que podemos ser sempre melhores do que somos.
Os jovens intérpretes / cantores deram
nova vida a esta história, cantaram e encantaram, souberam ser dramáticos,
pungentes, líricos, cómicos e sempre genuínos. Começar assim o primeiro ano do
curso só pode augurar coisas boas.
Victor Sezinando, com a sua habitual
sensibilidade e exigência, demonstrou mais uma vez que é possível combinar
autenticidade com rigor, conseguiu que tudo fluísse de modo natural sem
descuidar a qualidade da interpretação. Os figurinos (design e cor) ajudaram a
encarnar a vida e o ambiente singelo de um povo antigo e vivo, determinado
desde sempre a não abdicar da sua liberdade e identidade. As pequenas tribos de
pastores lusos (da Lusitânia) enfrentam o grande império romano, vencem, são
vencidos mas perseveram. Embora a história deste período seja muito nebulosa e
incerta, só detectei uma verdadeira mas divertida incorrecção nesta história e
é de natureza temporal. A dado momento diz-se “Não bastava o Astérix, Obélix…”
O Astérix da banda desenhada (série de banda desenhada criada por Albert Uderzo
e René Goscinny, em 1959) e os seus companheiros enfrentaram os romanos no
tempo de Júlio César, pouco antes do início da era cristã (cerca de 50 a.C.).
Viriato e as tribos lusas, constituídas por povos autóctones, enfrentaram os
romanos cerca de 150 anos antes da era cristã.
Foi curioso ver os Lusos serem
representados exclusivamente por elementos femininos; desta forma a fragilidade
e a determinação daquele povo ganharam uma nuance
mais emotiva e genuína. A fragilidade é superada por uma determinação
inabalável. Também é certo que as canções que ouvimos parecem escritas para ser
entoadas por vozes femininas. Na luta daquelas mulheres soa sempre um hino de
amor e esperança. Provavelmente, não soaria do mesmo modo se as vozes fossem
masculinas.
O grupo de soldados romanos saiu-se
igualmente bem; foram duros, altivos, ameaçadores, desdenhosos, chorosos e
patéticos. São o contraponto da epopeia e do lirismo, neles reside a comicidade
que atenua a dureza da realidade histórica implícita em qualquer invasão e
processo de colonização. A enumeração dos generais romanos, vencidos por aquelas
tribos que não possuíam armas nem exércitos, traz à mente aquela ideia tão cara
a F. Pessoa de que a verdadeira força não provém da matéria mas do espírito.
Foi provavelmente essa resiliência que levou Diodoro da Sicília (ou Diodoro
Sículo, historiador grego do século I a.C.) a descrever Viriato como símbolo
das qualidades do seu povo e a sua força motriz: «Enquanto ele comandava ele
foi mais amado / do que alguma vez alguém foi antes dele».
Morte de Viriato, chefe dos Lusitanos, de José de Madrazo Y Agudo, 1781-1859, 1807, Museu do Prado.
Ao longo de mais de seis séculos de
ocupação romana, a Lusitânia foi governada por 58 imperadores romanos.
Deixaram-nos muito de bom. Também não devemos esquecer isso. Assim como não
devemos esquecer que os que mataram Viriato são da mesma velha estirpe dos
corruptos e corruptíveis que perdura até hoje, em muito maior número e com
muito menos causas. Ditalco, Audax e Minuro, emissários de Viriato nas
conversações para assinar a paz com os Romanos, foram subornados por Cipião
para matar o seu próprio chefe e fizeram-no sem hesitações esperando como
recompensa o habitual: riqueza e poder. Cumprido o contrato com os Romanos,
foram pedir a recompensa, mas os Romanos responderam com aquela moralidade
formal que parece sempre certa no conteúdo mas absurda no contexto: “Roma não
paga a traidores!” Enfim, corruptores cheios de bons princípios!
Falta apenas dizer que, segundo alguns
autores, Ditalco, Audax e Minuro não pertenciam à tribo dos Lusos, eram
guerreiros de outra tribo algures na Andaluzia. Seriam de Urso (Osuna,
Sevilha). Sempre é um alívio pensar que os traidores não terão vindo do seio da
mais aguerrida tribo da Ibéria. Mas também há historiadores que consideram que
os nomes dos traidores não são nomes próprios mas a designação de atributos dos
traidores (compromisso, audácia, redução). Mais um enigma…
Morte de Viriato de José Villegas Cordero, 1890.
A
História não é só feita de factos, memórias, registos escritos, achados
arqueológicos. É também feita de crenças, de aspirações, de mitos, de
reminiscências que vivem latentes no inconsciente colectivo. A história de
Viriato é feita disso tudo, de História e de tudo o que a circunda e
(re)constrói.
La
noble seña sin falta
de
esmeralda la más alta
que
Viriato puso juntas,
en
campo blanco se esmalta.
¿Quién es esa gran señora?
la
numantina Zamora
donde
el niño se despeña
por
dejar libre la enseña
que
siempre fue vencedora.
Gratia
Dei. Batalla de Toro, 1476.
E nós, Portugueses, como temos lembrado e
honrado Viriato? Para além da estátua em Viseu (de Marianno Benlliure, também
espanhol), o nome de um teatro (também em Viseu, fundado em 1883), o nome de
uma localidade (Cabanas de Viriato, no distrito de Viseu), o título de um
jornal de Viseu publicado entre 1855 e 1892 (O Viriato - jornal politico, instructivo e comercial), ainda andam
por aí algumas obras literárias, algumas velhas edições e umas poucas
reeditadas. Os três Viriatos Trágicos abriram o caminho ─ o de Brás Garcia de
Mascarenhas (poema heróico em 20 cantos, Coimbra, 1699), o de Júlio Dantas
(peça de teatro não sobre Viriato mas sobre Brás Garcia de Mascarenhas, autor
do primeiro Viriato Trágico, 1900) e
o de João de Barros (adaptação do poema heróico em prosa, 1940). Pelo meio, foi
publicado o Viriatho - narrativa
epo-historica de Teófilo Braga (1843-1924), Lello & Irmão, Porto, 1904,
uma espécie de ensaio histórico entrelaçado com o romance histórico. Já no
século XX, vieram à luz A Voz dos Deuses
– Memórias de um Companheiro de Viriato de João Aguiar, 1984, o Viriato Rey de João Osório de Castro,
ilustrado por José Manuel Castanheira, Viriato
(peça de teatro de João Carvalheiro, a partir de A Voz dos Deuses de João Aguiar, representado em 2017 e 2018) e as
muitas bandas desenhadas, entre elas a de José Garcês, a de Vítor Belém e José
Salomão e a de João Amaral e Rui Carlos Cunha (adaptação ilustrada de A Voz dos Deuses de João Aguiar). Há
ainda diversos estudos históricos e literários com interesse: O Mito de Viriato na Literatura Portuguesa
de José Barbosa Machado, 2010, Lusitanos
no tempo de Viriato de João Luís Inês Vaz, Viriato, Herói Lusitano - o Épico e o Trágico de António Manuel de
Andrade Moniz, Viriato de Diogo
Freitas do Amaral, Reflexões em torno do
livro “Lusitanos no Tempo de Viriato”, de João Luís Inês Vaz por José
D’Encarnação (in Revista Portuguesa de Arqueologia, Vol. 14, 2011) ou A etno-epo-história e os mitos fundacionais
da Nação – “Viriato” de Teófilo Braga de Maria da Conceição Meireles
Pereira, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Se nem todas as obras literárias que se
escreveram por cá são historicamente credíveis (até porque esse não era
provavelmente o principal objectivo), também não se deve dar grande crédito ao Viriato (tragédia em cinco actos,
Madrid, 1843) de Manuel Hernando Pizarro (autor espanhol) que deu tantas voltas
à História que a tornou quase irreconhecível. Aí o traidor é um apenas, um
lusitano a quem ele chama simplesmente “Coello”, que teria assassinado Viriato
por uma questão de amores pela mesma donzela!!! É caso para dizer que certos
escritores são os piores inimigos da História.
Igualmente curioso é o drama trágico em um
acto de Luciano Francisco Comella (El
Mayor Rival de Roma – Viriato, Madrid, 1798). Aí, Viriato é designado como
“Caudillo del Pueblo Español”, sem nunca
referir que Viriato era lusitano e não espanhol, como se a Lusitânia nem sequer
existisse e a Espanha já existisse no tempo de Viriato. Mas menciona dois
capitães espanhóis com os nomes de Ditalcon e Minor. Ditalcon é irmão de Dulcídia,
apresentada como mulher de Viriato. É Ditalcon e o próprio Cipião que matam
Viriato. E Viriato continua a falar com Dulcídia, mesmo depois de morto, para
revelar quem o matou e como… Minor é apresentado como grande inimigo dos
Romanos e combate ao lado dos Lusitanos (que apenas aparecem no final embora
tivessem lá estado sempre a enfrentar os Romanos). No final, todos juntos,
incluindo Dulcídia, perseguem Ditalcon para o matarem. Enfim, há casos em que a
efabulação e a liberdade criativa deviam ter mesmo um limite, não vá o leitor
incauto acreditar em tantas patranhas. Veja-se na nota final, algumas obras
mais recentes de autores espanhóis bem diferentes destas que mencionei.
Como o próprio Viriato reconheceu, ninguém
pode viver eternamente em guerra e por isso procurou um acordo de paz com Roma.
Só não esperava que o acordo fosse quebrado e que o seu anseio de paz e
liberdade fosse aniquilado pela traição daqueles em quem confiava.
Obrigada por nos terem recordado Viriato e
as resilientes tribos da primitiva Lusitânia desta forma tão melodiosa. Uma
enorme e merecida vénia para todos.
************************************
Nota:
* - Viriato - O Colar dos
Deuses, romance histórico de Fernando Barrejón, 2004.
* - Viriato: el héroe
hispano que luchó por la libertad de su Pueblo,
Mauricio Pastor Muñoz, 2004
* - Viriato – História e
símbolo no Viriato de de Maurício Pastor Muñoz
(Prefácio de José D’Encarnação, A Esfera dos Livros, 2006)
************************************************
Nota: As
fontes históricas que restam são sobretudo romanas e podem, por isso, padecer
de alguma ou muita parcialidade. Mas os Romanos mostraram também um profundo
sentido de justiça quando julgaram no Senado o Procônsul Sérvio Galba pelas
atrocidades cometidas contra os Lusitanos. Claro que não foi apenas julgado
pelas atrocidades em si mesmas, mas sobretudo pelo efeito nefasto que teve na
pacificação da Lusitânia e na obtenção fácil do ouro e da prata das minas,
gerando a revolta das tribos lusitanas que nunca mais deram tréguas ao invasor.
Segundo o relato de Teófilo Braga, o Tribuno da plebe, Aulo Scribonio,
batendo-se pela condenação de Galba, acusou-o de ter morto mais de trinta
mil lusitanos para lhes ficar com as terras, a prata e o ouro das minas: «O
Procônsul Galba (…) trucidou traiçoeiramente para mais de trinta mil pessoas,
em que a par dos homens validos estavam velhos, crianças e até mulheres!» (cf. Viriatho - narrativa epo-historica,
Teófilo Braga, Lello & Irmão, Porto, 1904, p. 12)
Mapa
das Campanhas de Viriato e dos Lusitanos contra o Império Romano.
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Aqui fica uma pequena homenagem a Viriato e aos nossos antepassados Lusos ou Lusitanos
LUSO SER
De
onde vens raiz profunda
Que
no peito bates qual onda de mar?
Que
coragem te escolheu a fronte para morar
Qual
coroa de nuvens protegendo a montanha?
Passam
os tempos e as eras
Passam
os pergaminhos e as velhas histórias
Passam
por ti e por mim enredados no remoinho
De
outros tempos e outras eras.
Que
é feito de ti, Viriato
Pastor
de gente e rebanhos?
Que
é feito do punhal que te levou
De
entre os teus pela calada da noite?
Eram
também teus(1) os que ergueram o punhal
E
o cravaram na alma toda de um povo.
Eram
também teus os que quiseram mais
Que
a vida pura das encostas da montanha.
Antes
da paz partiste
Antes
de ser livre o teu rebanho.
Quebraram-se
os cajados e as lanças
Na
busca única da liberdade.
Ficaram
as montanhas e as flores silvestres
Crescendo
na paz inviolável deste chão agreste
Adormeceu
sem ti todo o rebanho
Longa
noite de penas e mudos anseios.
Passaram
tempos e eras
Perdura
a canção do mar
Perdura
a coroa de nuvens
Sobre
as cabeças curvadas
Sobre
o inquieto esquecimento.
Abre-se
a montanha
Revolve-se
o mar
Chama-te
e volta a chamar
Mas
tu não podes voltar.
Cansada
do longo e profundo sono
A
raiz clama pelo sol
Pela
árvore que ainda alimenta
Tomada
pela fúria do amor eterno
Ergue-se
do solo e torna-se aérea.
Viaja
até às estrelas e entranha-se na luz de cada uma delas
E
agora que olhas para o alto e vês centelhas de longos cabelos
Agora
sabes que a terra e o céu não se esqueceram de ti
Não
se esqueceram do teu berço nos Montes de Viriato.
E
tu, que lembras tu?
E
o que esqueces?
O
que anseias sem saber?
Quem
és tu, Luso Ser?
São
Ludovino, 31/5/2018 – 19:37
(1)
Convém esclarecer que alguns autores afirmam que os traidores (Ditalco, Audax e
Minuro) não eram Lusos mas Andaluzes (de Urso, hoje Osuna). Viriato lutou
contra o ocupante romano não só no território da antiga Lusitânia (centro de
Portugal hoje) mas também em vários reinos da futura Espanha. Aí também teve
vitórias e derrotas. Aí ganhou amigos e inimigos. Aqueles que o assassinaram
eram supostamente amigos, chefes militares muito próximos de si. Foi essa
proximidade que lhes permitiu entrar pela calada da noite na sua tenda e
assassiná-lo. E, assim, perderam todos, um líder nato e a esperança de manter a
autonomia dos povos autóctones.
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Elenco / Cast
Adriana
Loureiro
Ana
Beatriz Martins
Beatriz
Carvalho
Cátia
Castanheira
Diana
Sardinha
Diogo
Pereira
Filipa
Lopes
Íris
Sena
Joana
Jorge
João
Duarte
Maria Mendes
Mariana Correia
Nádia Antunes
Rafaela Alves
Raquel Simões
Samira Baldé
Sandro Dias
Sara Carvalho
Sofia Pedrosa
Tatiana Cavalheiro
Encenação / Stage Direction
Victor Sezinando
Nos Montes de Viriato - ensaio, photography by São Ludovino.
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MOMENTOS DEPOIS
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