quarta-feira, 1 de outubro de 2014

TEATRO NA ESCOLA VII

Loucos Por Amor / Fool(s) For Love de Sam Shepard, interpretado por Gonçalo Botelho, Cheyenne Domingues, Álvaro Diogo e João Fernandes, no Teatro da Comuna, Lisboa, 21/6/2014. Encenação do professor / encenador Victor Sezinando e dos alunos /actores.

Num Dia Igual Aos Outros / On An Average Day de John Kolvenbach, interpretado por Rogério Vale e André Concórdia, no Teatro da Comuna, Lisboa, 21/6/2014. Encenação do professor / encenador Victor Sezinando e dos alunos / actores.

     No passado mês de Junho, o Teatro da Comuna abriu as portas aos alunos finalistas do Curso Profissional de Artes do Espectáculo (Interpretação) da Escola Secundária D. Pedro V. Dois grupos de alunos fizeram aí a pré-apresentação das suas P.A.P. (Provas de Aptidão Profissional) antes de se apresentarem perante o júri que os avaliou no início de Julho. Em ambos os casos, o veredicto do público foi muitíssimo positivo e a opinião deste “júri” mais alargado também deve ser ouvida. A aprovação generalizada foi evidente nos aplausos e nos comentários. E os aplausos devem ir também para o professor / encenador Victor Sezinando que gradualmente fez desabrochar nos seus discípulos os seus talentos naturais. Aquilo que vi, ouvi e senti ao logo dos três anos de formação destes jovens actores deixou-me a certeza de que isto foi apenas o início de um longo caminho. Que a viagem nos seus percursos profissionais e artísticos seja auspiciosa é o que desejo a todos.
     No mesmo dia, 21 de Junho, foram representadas duas peças, uma à tarde outra à noite: Loucos Por Amor de Sam Shepard e Num Dia Igual Aos Outros de John Kolvenbach. Antes de mais, é preciso louvar a coragem dos alunos / actores pelas escolhas feitas. Nenhuma das peças é fácil de representar. São textos repletos de emoções com personagens originais pela sua densidade humana e disfuncionalidade. Vestir-lhes a pele com tal verosimilhança implicou um trabalho interior e mental árduo, quase violento do ponto de vista psicológico. Fazer estremecer as fibras da alma de modo genuíno não é fácil nem para os actores mais experientes, mas estes jovens actores conseguiram-no e superaram as expectativas mesmo dos mais cépticos. Quanto a mim, nunca tive grandes dúvidas… “They got it!”
      
NOTA 1: Continuo impossibilitada de converter em vídeo os powerpoints que fiz sobre estas peças. Logo que me for possível, serão carregados no Youtube e acrescentados a este post. Por enquanto, ficam aqui apenas algumas fotografias…         

LOUCOS POR AMOR / FOOL FOR LOVE de Sam Shepard
Elenco: Gonçalo Botelho, Cheyenne Domingues, Álvaro Diogo e João Fernandes. Encenação: Victor Sezinando e alunos / actores.

     Loucos por Amor é a história de um amor impossível e doloroso onde o amor e o ódio se cruzam e fundem num só. É um amor impossível não porque é um amor proibido — um amor incestuoso — mas porque o ser real de cada um dos amados não coincide com o ser profundo que os levou a apaixonar-se recíproca e avassaladoramente quando ainda desconheciam o laço de parentesco que os unia. Eddie e May são meios-irmãos, filhos do mesmo pai e de duas mães diferentes.
      O pai, figura quase sempre ausente na vida de ambos durante a infância e adolescência, é uma presença constante em palco. Permanece sentado na penumbra com uma garrafa de whisky nas mãos, ora frio e indiferente, ora sorrindo de modo quase sarcástico ou semicerrando os olhos como um animal em hibernação que se alheia do mundo lá fora. Em diversos momentos interage alternadamente com May e com Eddie, tentando refazer com memórias falsas ou pouco credíveis uma história trágica e dolorosa de que ele foi o principal autor. Tenta justificar com o “amor” a vida dupla que levou com as duas mulheres. Não abdicou de nenhuma porque, segundo ele, amava ambas. Uma espécie de versão trágica do “poliamor” que agora parece estar na moda. Só que na nova moda todos são teoricamente muito felizes nesse colectivo amoroso e nesta história, igual a tantas histórias reais, o desenlace é a morte violenta de uma das mulheres e as feridas abertas em todos os outros intervenientes. A mãe de Eddie mata a mãe de May, facto negado pelo pai; e Eddie repete a mesma vida dupla que o pai levara.
     Depois de descobrir que Eddie leva essa vida dupla (mantém uma relação paralela com outra mulher a quem May chama a Condessa), depois de muitas mentiras e muitos perdões, May afasta-se e tenta refazer a sua vida. Temporariamente, vive num motel junto ao deserto do Mojave, cenário inóspito muito apropriado para representar uma cena de separação, “talvez” definitiva, muito dolorosa. “Talvez” porque é fácil separar os corpos mas não os corações… É aí que Eddie a procura mais uma vez para a convencer a ir viver de novo com ele numa caravana instalada num terreno que comprara com o intuito de cultivar uma quinta.
    Tal como o pai, Eddie não é fiável nem honesto, nem com os outros nem consigo mesmo. Vive de mentiras, jogos e expedientes. Enquanto o encontro decorre no motel, a Condessa chega no seu Mercedes preto, dando a imagem de uma mulher com posses e ambiciosa. Eddie nega ser a Condessa quem o espera lá fora, mas May sabe que é ela mesmo sem a ver. Esta mentira descarada e ofensiva demonstra bem qual é o verdadeiro carácter de Eddie e a sua incapacidade de amar realmente, de modo profundo e leal. É sobretudo esta diferença de carácter que impossibilita o amor entre Eddie e May, muito mais do que o incesto. Quando muito, o incesto serve de desculpa para justificar a impossibilidade de um casamento legal e de uma relação sólida socialmente aceite. Mas o amor está além das convenções e das circunstâncias; Eddie não ousa amar, apenas alimenta o seu egoísmo e os seus caprichos. May ama genuinamente, aquém e para além das convenções sociais, mas não pode pactuar com a vida dupla de Eddie, pois isso seria a negação do próprio amor. Por isso, ela opta por uma vida longe do seu genuíno amor mas digna e pacífica. Os seus "eus" profundos amam-se, mas as pessoas reais que são tornam-nos incompatíveis e inconciliáveis.
     O próprio Sam Shepard afirmou que, “perante o amor a única coisa a fazer é aceitá-lo…” Aceitá-lo interiormente é uma coisa, vivê-lo é outra. Apesar de todas as feridas e cicatrizes, este amor perdura não como uma luz mas como o gume de uma faca cravada na alma.
     Thomas Merton afirmou que “O amor é o nosso verdadeiro destino. Não encontramos o verdadeiro significado da vida sozinhos, encontramo-lo ao lado de outra pessoa.” No caso de Eddie e May, o amor era de facto o seu verdadeiro destino, um destino doloroso e destrutivo. Ao lado um do outro não descobriram o verdadeiro significado da vida, descobriram que o amor são as próprias pessoas e que, apesar do amor, aquelas duas pessoas não podiam amar-se…
     Sobre o desempenho dos actores nenhum reparo negativo há a fazer. Pelo contrário, a torrente de emoções brotou dos seus rostos e das suas vozes com genuína verdade. As vidas que viveram em palco foram autênticas e humanas, deixando no ar aquele trave a fel que se esconde amiúde nas entranhas da vida. Num amanhã, não muito distante, sei que voltarei a vê-los noutros palcos vivendo outras vidas. Bravo! 

NOTA 2: Finalmente os vídeos estão prontos...





       

Fools For Love, photography by São Ludovino.

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NUM DIA IGUAL AOS OUTROS
Elenco: Rogério Vale e André Concórdia. Encenação: Victor Sezinando e alunos / actores.

     John Kolvenbach, o autor da peça, foi acusado por diversos críticos teatrais de imitar a peça de Sam Shepard True West. Não conheço de True West mais do que um breve resumo da intriga e alguns excertos do filme realizado por Allan Goldstein, mas não fiquei com a impressão de que haja um decalque ou imitação premeditada. O único verdadeiro elo de ligação é o facto de ambas as peças serem protagonizadas por dois irmãos que se reencontram após muitos anos de separação. Na verdade, senti haver uma coincidência muito maior no que respeita à figura paterna: em ambos os casos temos um pai ausente e / ou que abandona os filhos por puro egoísmo e capricho.
     Na peça Num Dia Igual Aos Outros, os irmãos Jack (o mais velho) e Bob reencontram-se após muitos anos. A mãe falecera quando Bob tinha 6 / 7 anos e o pai decide desaparecer algum tempo depois. Jack será a única figura paterna que Bob conhecerá. Jack desempenha os papéis de irmão e pai até aos 15 anos; depois, também ele parte. A dor e a raiva deixadas em Bob por este duplo abandono irão marcá-lo para o resto da vida. A partir daí, a raiva e o sentimento de injustiça levam-no a ter comportamentos violentos ou desproporcionados sem verdadeiro motivo.
     No momento do reencontro, Bob aguarda o julgamento por tentativa de homicídio. Bob desculpa-se dos seus actos tentando fazer crer que apenas agiu em legítima defesa e que não era seu intuito matar ninguém. O que conta para Bob não são afinal os factos concretos e as pessoas reais, mas a sua dor incomensurável  com que pretende legitimar os seus actos. Bob sente-se uma vítima permanente e fala do sistema judicial e do próprio advogado de defesa como um bando de facínoras que têm como único objectivo liquidá-lo. Paira sempre no ar uma espécie de medo e sentimento de culpa que lhe faz crer que tudo e todos estão unidos contra ele. Bob colecciona recortes de jornal sobre crimes, como se temesse a todo o instante ver o seu nome associado a mais um crime que não cometera. As paredes da casa — a mesma onde vive desde a infância, a casa da dor e do abandono — estão forradas de recortes, a banheira, que não usa, está cheia de jornais, há lixo e pedaços de jornais em todos os cantos. Esta avalanche de jornais representa, de certo modo, o mundo ficcional em que vive e a impossibilidade de se libertar do passado doloroso. Bob foi de facto uma vítima, das circunstâncias, do pai, dos outros miúdos (bullying) e do desejo de libertação do próprio irmão Jack.
    Jack afasta-se da casa paterna para construir a sua própria vida e, aparentemente, consegue ser bem-sucedido. Aparece em cena vestido com um fato, gravata e camisa branca, é casado e tem um filho. Mera aparência de sucesso e normalidade. O passado persegue-o tanto como a Bob e as feridas escondidas estão afinal ainda bem abertas. Por que traz Jack uma arma num saco de papel para um reencontro com o irmão? Acto ambíguo que nunca chega a ser perfeitamente esclarecido. Ao longo da peça, ambos os irmãos empunham a arma e apontam-na um ao outro. Nenhum quer matar verdadeiramente o outro, ambos querem matar apenas o passado que os impede de viver o presente e seguir em frente. Bob fá-lo com total desespero, oscilando entre a raiva extrema e a fragilidade infantil. Jack fá-lo de forma contida e controlada, mas igualmente dolorosa.
     Já que o passado é terrível, é preciso reinventá-lo para o poder suportar. Bob imagina cenas quase idílicas da sua infância com o irmão. Jack vai desmontando essas memórias inventadas, mas lá no fundo do seu olhar nostálgico quer reinventá-las também. Bob e Jack estão unidos para sempre pelas memórias dolorosas mas também pelo amor que os uniu e lhes permitiu sobreviverem sozinhos.
     Neste reencontro, ambos vão afogando as mágoas no álcool mas mantendo sempre um relativo controlo. Depois das explosões de raiva e desespero de Bob, quem acaba prostrado no chão é Jack e é Bob que o tenta confortar. Acima de tudo, pede-lhe que volte para casa, para a sua família, o seu filho de tenra idade, e não repita os erros do pai. Bob diz que dava tudo para estar no lugar do filho de Jack, para poder ter um pai a sério, mas tenta libertar definitivamente Jack do seu papel de pai / protector em relação a si (Bob) para que possa ser verdadeiramente pai do seu próprio filho. Compreendendo que afinal Jack se encontra num desespero ainda mais extremo do que o dele, Bob implora-lhe: “Vai para casa Jack. Se queres ser como ele, morre! Isso é que é seres como ele.”
     Jack sai de cena e Bob fica sozinho na penumbra com a arma calada sobre a mesa. Um final pungente que fez estremecer o público ou pelo menos a mim.

     Não me parece que fosse possível fazer muito melhor do que os estes dois jovens actores. Na verdade, vi e senti aqui mais emoção e verdade do que em qualquer dos vídeos e fotografias que vi de outras representações da mesma peça. Fabulosamente autênticos! Obrigada pelas emoções! É que as emoções são mesmo o cerne do Teatro…


On An Average Day, photography by São Ludovino.

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