quarta-feira, 30 de abril de 2014

TEATRO NA ESCOLA II

ELES SÃO MESMO ASSIM? / WHAT ARE THEY LIKE?
Uma peça de Lucinda Coxon interpretada pelos alunos do 12.º 13 da Escola Secundária D. Pedro V. Encenação de Mariana Rosário.

     Os alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo (Interpretação), 12.º ano - turma 13, voltaram a brilhar como gente grande. Vestiram a pele dos pais que há por aí com uma emoção profunda e tocante. Olharam para os filhos que ainda não têm a partir de um futuro assumido como um presente real, que se repete geração após geração. A memória sobrepõe-se ao tempo cronológico, a complexa humanidade dos afectos ultrapassa a singularidade de uma época ou geração.
     Na peça Eles são mesmo assim? / What are they like?, de Lucinda Coxon, a memória é o mais importante, a memória de um tempo ideal que se quer fazer perdurar como real. A memória surge dolorosamente como o espelho de um sonho perdido, impossível de reconquistar. As gerações seguem o seu rumo no tempo real. Lá no fundo, no fundo do amor e da memória, os filhos não crescem, a infância não chega ao fim, mesmo quando o quarto ficou vazio e os cabelos embranqueceram.
     Provavelmente, desempenhar o papel de pai / mãe ou filho(a) é bem mais difícil do que interpretar uma personagem fictícia, que se molda livremente sem temer analogias com a realidade do quotidiano. Eles foram genuínos e convincentes. Não usaram máscaras artificiais, vestiram-se de emoções humanas e foram gente autêntica. Nenhum pai / mãe ou filho(a) deixou de reconhecer algo de si na galeria de caracteres e comportamentos que desfilaram num caos organizado perante os nossos olhos.
     As personagens movem-se e interagem constantemente, tanta gente diferente coexistindo nas suas diferenças e afinidades. A principal afinidade é afinal uma só, a dos afectos e da memória que não se quer perder. A infância que ficou lá atrás, o tempo em que os filhos “pertenciam” aos pais e aos seus sonhos. A dolorosa encruzilhada surge quando eles crescem e seguem o seu próprio caminho. Já não lhes pertencem inteiramente, senão pelo amor que perdura sempre, e quantas vezes o caminho a solo se afasta dos sonhos, que afinal eram mais dos pais do que dos filhos.
     É um lugar-comum dizer-se que “crescer dói”. Pois dói… e às vezes dói mais aos pais do que aos filhos. É que os pais já foram e são filhos e os filhos ainda não são pais. As gerações passam, mas no que toca aos sonhos e aos afectos pouco mudará…
     O clímax ocorre quando os pais decidem finalmente cortar o cordão umbilical; corte representado pelo acto de voltar a guardar na arca os brinquedos e objectos que representam a infância irreversivelmente perdida. A primeira a guardar a infância na arca é uma mãe destinada a morrer em breve (sofre de cancro). O modo como todos aqueles pais, tão diferentes e semelhantes entre si, se reúnem em torno daquela arca e olham ao redor, para o alto e para aquela mãe, é afinal a antecipação de um outro corte bem mais definitivo… o da morte, o da perda física definitiva.
     Afinal de contas é só nesse momento que a infância chega verdadeiramente ao fim… até que uma nova geração a traga de volta… mais infância, mais sonhos, mais memória e separação… Ainda bem que há sonhos e memória, por que lá no fundo, no fundo do amor e da memória, o tempo nada rouba, nada envelhece ou se perde, lá no fundo, lá bem no fundo…
     Num dado momento, aquele que parece ser o pai mais consciente do que é ser pai e filho, consciência de que afinal a única coisa que perdura são os afectos e a memória, profere uma afirmação lapidar: 

«Agora penso mais no meu pai. Pensa-se mais nos nossos pais quando somos mais velhos. Quando eles já não estão por cá.»

     Não será bem assim para todos… os pais fazem sempre falta, mesmo quando não se tem uma consciência acutilante e sempre presente disso…
Uma vénia sincera e profunda para todos os jovens intérpretes e para os professores / encenadores que os orientaram. Foram todos inegavelmente excelentes, humanos, sinceros no seu perfeito fingimento.
     Segue-se um pequeno texto que acompanha o vídeo elaborado com fotografias da peça. O texto pretende aproximar-se simultaneamente da canção escolhida para fundo musical (“Para os braços da minha mãe” de Pedro Abrunhosa) e do conteúdo da peça. Segue-se também uma selecção de fotografias, algumas de fraca qualidade. A iluminação, o fundo negro (adequado à atmosfera da peça) e a minha falta de perícia não ajudaram… 

LÁ NO FUNDO

Lá no fundo, no fundo do amor e da memória… 
Laços que não quebram… e perduram… 
Longa e árdua é a estrada… 
Para o destino não desejado… 
E dói a memória da casa que ficou lá atrás…
………………………………….. 
Lá no fundo, no fundo do amor e da memória, os filhos nunca crescem… são sempre crianças para além dos dias que passam e envelhecem…
Só quando os pais já não estão cá é que a infância chega ao fim… os pais são então os filhos que não foram, excepto lá no fundo, no fundo do amor e da memória… 

São Ludovino, 25/4/2014


Eles são mesmo assim? - uma peça de Lucinda Coxon interpretada pelos alunos do 12.º ano, turma 13 do Curso Profissional de Artes do Espectáculo (Interpretação), Escola Secundária D. Pedro V, Lisboa, 28/3/2014. Encenação de Mariana Rosário.
Fundo musical: Para os braços da minha mãe de Pedro Abrunhosa, Ao vivo com Camané - https://www.youtube.com/channel/UCW8wAPxz0-sjc5Q7e4TaAwA


 What Are They Like, a play by Lucinda Coxon played by the theatre students
of the Secondary School D. Pedro V, Lisbon, Portugal, 28/3/2014, photography by São Ludovino.

 What Are They Like, photography by São Ludovino.

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