terça-feira, 8 de março de 2016

TEATRO NA ESCOLA XVI

REGRESSO AOS CLÁSSICOS

O Avarento, de Molière, interpretado pelos alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo (Interpretação), 11.º 13. Auditório da Escola Secundária D. Pedro V, 22/1/2016, Lisboa. Encenação: Victor Sezinando.

Actos I(n)mundos, montagem de fragmentos de cinco tragédias de Shakespeare (Otelo, Macbeth, Ricardo III, Tito Andrónico e Cleópatra), interpretada pelos alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo (Interpretação), 11.º 13.  Auditório da Escola Secundária D. Pedro V, 28/1/2016, Lisboa. Encenação: Victor Sezinando.


MATÉRIA IMPURA
O Avarento, Molière

     O Avarento (1668) é uma comédia muito séria. Pode fazer rir a bandeiras despregadas, mas não deixa de ser séria porque é sério e intemporal o assunto. A ambição e a cobiça cegam. A matéria não deixa ver o espírito. Os afectos e os valores esvaziam-se e relativizam-se. O parasitismo desconhece o valor do trabalho e caminha a par da ambição frívola e da irresponsabilidade. O cerne desta peça não é a teia de historietas românticas com algumas peripécias rocambolescas, é a dependência doentia do materialismo, a servidão humana voluntária, a cegueira prepotente, o parasitismo, a confusão entre o valor e o preço, o valor intrínseco e o valor artificial.
     De cada vez que vejo alguém obcecado com os bens materiais, para além do sensato e necessário e dos pequenos luxos que se confundem facilmente com a liberdade de ter e ser, lembro-me de Thomas More e da Utopia. Em dado ponto, fala ele do valor relativo de tudo o que é material, sobretudo o venerado ouro. Um valor relativo porque é um valor convencional. Mudam as convenções e logo muda o valor das coisas, não o valor intrínseco mas o valor artificial, relativo e vazio que resulta da convenção. Segundo ele, se a convenção determinasse que a coisa mais valiosa do mundo era a pele de um carneiro, logo muitos se cobririam com peles de carneiro em vez de jóias; e, prosseguindo eu a linha de pensamento, a espécie ovina seria provavelmente levada à extinção. Erguia-se, então, uma estátua de bronze ao carneiro extinto e criava-se em seguida uma nova convenção determinando, por exemplo, que a coisa mais valiosa do mundo eram os ossos de um carneiro morto. E então muitos se cobririam de ossos esquecendo que a sua própria vida é tão finita como a de um carneiro. A transitoriedade da vida torna estas convenções ainda mais ridículas e vãs, sobretudo num mundo de matéria e materialismo.
     Apesar da gravidade do assunto, a forma como é apresentado é típica de uma comédia. Os conflitos são mais irritantes do que dolorosos, as emoções são algo passageiras, os problemas como que se auto-resolvem sem grandes sacrifícios e todos acabam mais ou menos felizes, mesmo que nem todos os seus desejos tenham sido inteiramente satisfeitos. Nem sequer podemos afirmar que haja uma moralidade nítida e absoluta. Se o velho avarento é alvo de crítica e ridículo, o seu filho parasita e esbanjador também o é. Também não há nenhuma personagem que desperte especial empatia ou solidariedade. E no final ficam grandes dúvidas se o amor venceu realmente o dinheiro. O avarento faz uma escolha sem hesitações. Abdica de Mariana de bom grado desde que mantenha a sua fortuna, simbolizada pelo cofre que abraça com perturbador carinho. Embora aquele outro abraço, o que Frosina, a casamenteira, dá a um elemento do público, pareça dar a entender que o amor vence sempre, de uma forma ou outra. Mas isto é uma comédia e ela é uma casamenteira que faz do amor um negócio, um jogo de interesses. Mas que aquela nuance do abraço final ao público foi bem conseguida, não há dúvida. Este foi apenas um dos muitos detalhes desta encenação que enriqueceram e recriaram esta obra do séc. XVII.
     Não sabemos até que ponto o avarento, Harpagão, é rico nem de onde lhe veio a fortuna. Se o filho, Cleanto, é obviamente um parasita esbanjador que não pára de contrair dívidas, o pai é aquele que possui a riqueza, não aquele que a produz. E é nesta questão tão velha e tão nova que reside o pendor pedagógico da peça. Esta pergunta não é feita por ninguém em parte alguma, mas ela está subjacente em todo o conflito entre o avarento e o esbanjador. Não serão, afinal, ambos parasitas?
     A par desta batalha, desenrolam-se paralelamente duas histórias de amor, aparentemente genuíno, entre Elisa e Valério e entre Cleanto e Mariana. Elisa e Cleanto são filhos de Harpagão; Valério e Mariana são filhos de Anselmo. As relações entre Elisa e Anselmo e entre Harpagão e Mariana não chegam a existir. Essas não são histórias de amor mas de puro interesse. Embora não sejam travadas pelo “desinteresse”, mas pela natureza algo contranatura, pelas peripécias e equívocos inesperados. Dois idosos pretendem contrair matrimónio com duas jovens donzelas. O autor teve aqui certamente uma intenção crítica, até porque é o próprio pai, Harpagão, que pretende casar Elisa com o velho Anselmo. Os jovens, sobretudo as mulheres não tinham, na época, o direito de escolher o seu par com o coração. O casamento era um negócio contratualizado pelos pais. Anselmo também era rico e aceitava Elisa sem qualquer dote; esse foi o factor decisivo, não a vontade e felicidade da própria filha. Harpagão não se torna apenas ridículo mas também odioso, precisamente por contrariar o amor genuíno e valorizar mais o dinheiro do que os afectos ou a felicidade da própria filha. O facto de pretender casar com a jovem Mariana também não abona em seu favor; mais do que a juventude e beleza de Mariana, o que o atrai é o facto de Mariana ser filha do rico Anselmo.
     Aparentemente, Harpagão nada perdeu; os seus dois filhos casam com os dois filhos de Anselmo e reavê o seu cofre. Mas fica no ar um travo a fel naqueles esgares de Harpagão que, abrindo o cofre, se sente traído e roubado, dando a entender que o seu dinheiro já não está lá. Mais uma nuance de mestre desta encenação. Harpagão acaba mesmo por perder tudo, a matéria e o espírito.
     A encenação desta peça tem a marca distintiva do professor / encenador Victor Sezinando. Tem rigor, criatividade e sobriedade em doses sensatas. É que fazer rir não pode fazer esquecer o cerne da questão subjacente a esta peça, a maldita matéria impura e a velha confusão entre preço e valor. Embora a comédia seja um género popular acessível a todos os intelectos, é fundamental não reduzir a comicidade a mera caricatura e esquecer o pendor pedagógico. Grande parte do público pode ter-se limitado a rir mas a intenção pedagógica estava lá.  
     Assistir a estes espectáculos é um privilégio, não um direito adquirido. Sinto-me privilegiada. O meu pequeno contributo fica nestes posts e imagens que ajudam a construir a memória de quem vai dando vida após vida a textos antigos mas sempre actuais. Uma sincera vénia para quem realmente a merece.

Elenco
Gabriela Sousa (Élise / Elisa)
Miguel Galamba (Valère / Valério)
João Morgado (Cléante / Cleanto)
Diogo Varela (Harpagon / Harpagão)
Laura Martins (La Flèche / Flecha)
Joana Correia (Frosine / Frosina)
Adeneize Neto (Maitre Simon / Mestre Simão)
Diana Peão (Maitre Jacques / Mestre Tiago)
Beatriz Fonseca (Mariane / Mariana)
Adeneize Neto (Commissaire / Comissário)

Encenação e direcção artística
Victor Sezinando

Assistentes de encenação
Beatriz Fonseca
Diana Peão
Gabriela Sousa
Joana Correia

Voz e Movimento
Apoio de Mariana Rosário 

Figurinos
A Barraca  





The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

 The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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 The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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 The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

 The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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 The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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 The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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The Miser / O Avarento - Molière, photography by São Ludovino.

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NATUREZA INUMANA
Actos I(n)mundos, fragmentos de cinco tragédias de Shakespeare

     Tecer um todo coerente com fragmentos de cinco tragédias de Shakespeare não é tarefa nada fácil. Mas o professor / encenador Victor Sezinando conseguiu fazê-lo de uma forma singular, simultaneamente complexa e transparente, deixando algumas entrelinhas de penumbra e luz para ler livremente. Seria difícil fazer melhor, de forma tão sóbria e criativa.
     O fio condutor que encontrei e segui desde o início, assim como a interpretação dos nexos entre os fragmentos e os detalhes inesperados, podem não corresponder inteiramente à ideia original, mas foi assim que surgiu perante os meus olhos.
   Sobre o palco vimos desfilar algumas personagens de Otelo, Macbeth, Ricardo III, Tito Andrónico(1) e António e Cleópatra. Foi a escolha das personagens e os excertos escolhidos que me ajudaram a encontrar o fio da meada.
     Como em todas as tragédias, também nestas há vítimas inocentes e feras cruéis. No início, vimos um conjunto de mulheres muito diversas ocupando o palco; algumas são presas outras são feras. Apesar disso, de algum modo, todas elas estão unidas por uma mesma condição — a condição feminina que as subalternizou ao longo de milénios — e a natureza humana e desumana. Cedo, Lady Macbeth adquire protagonismo e toma as rédeas dos acontecimentos, mesmo quando permanece na sombra ou nos bastidores. Ela é uma representante do “mal” absoluto, da ferocidade dos instintos, da frieza calculista, da amoralidade. Mas nesta montagem, ela aparece também como uma espécie de justiceira vingadora que toma, temporariamente, o partido das mulheres que foram vítimas inocentes e executa algumas das feras, incluindo Tamora, com as suas próprias mãos; Tamora, a outra mulher-fera.
     Há, pois, feras que são homens e feras que são mulheres. Todas as personagens violentas representam o “mal” absoluto e a natureza desumana que se esconde nas entranhas do ser humano. No entanto, se tivermos em mente a história da Humanidade, das Religiões e das Filosofias, somos levados a pensar que os actos violentos e destruidores são maioritariamente masculinos, desde a caça, os duelos, a tortura, a guerra, o crime em geral. Fazer sofrer e matar é estatisticamente um comportamento predominantemente masculino. E essa constatação faz-nos interrogar sobre a verdadeira natureza humana e sobre a essência do “mal”. Embora as Religiões e os Mitos de várias culturas apresentem a mulher com uma dupla dimensão (a mãe benigna versus a mulher maligna), criadora de vida e semente do mal, a realidade histórica mostra sobretudo a mulher como ser fraco, considerada social e intelectualmente inferior, um ser abúlico, por vezes reduzido a um objecto. Um ser que durante milénios não chegou a “ser” totalmente, sempre limitada pelas múltiplas “cracias” masculinas.  Rainhas e imperatrizes, mulheres livres, autónomas, seres completos foram excepções e, algumas vezes, excepções negativas. Muitas vezes, aquilo que a literatura registou para a posteridade, foram os exemplos da mulher maléfica, que destrói ou conduz à destruição. Neste novelo trágico desenrolam-se diversas faces da mulher e da natureza humana, que não é nem feminina nem masculina, é humana ou desumana.  
     O que eu vi neste entrelaçar de tragédias foi sobretudo o fruto do “mal” e não a semente, a causa, a origem. Lady Macbeth aparece aqui como uma espécie de imitadora jogando um tenebroso jogo de imitação; a mulher imitando a violência masculina, o “ser fraco” usando as armas do “ser forte”, vencendo-o com as suas próprias armas, a frieza calculista, a violência, o prazer sádico, o abuso do poder e da força, a ambição. Ela é uma espécie de vingadora completamente amoral e egotista, praticando actos de vingança e não de verdadeira justiça, eliminando gradualmente todos os adversários, homens ou mulheres. Cria-se em dado momento a ilusão de ser ela um ser bom levado a ser mau, alguém que tenta vingar todo o sofrimento e morte de mulheres inocentes. Pura ilusão, de facto. Se ela executa Tamora (que instigara os filhos a violar e torturar barbaramente Lavínia), é também ela que dá o cálice de veneno à mesma Lavínia. No ar fica temporariamente uma vã suposição. Terá sido para pôr termo ao seu sofrimento atroz ou apenas para satisfazer mais uma vez os seus instintos destruidores? De modo clarificador, a Última Ceia das Inocentes e da Fera (Desdemona, Emília, Lady Anne, Lavínia e Lady Macbeth), elucida por completo esta ambiguidade. A todas ela serve uma bebida envenenada. As inocentes assassinadas em palco morrem de novo, as que estão vivas morrem também. O detalhe de mestre final consiste na aparição negra e silenciosa da morte. É ela que traz a garrafa com o veneno, uma bebida avermelhada que faz lembrar a cor do sangue. Antes desta ceia, todas as mulheres se reúnem e dançam alegremente, enquanto Lady Macbeth permanece sentada num trono. É daí que ela chama “alguém” para preparar a ceia venenosa. Percebe-se depois que ela chama a própria morte. E quando só resta ela, pensando passar incólume pela vida, pela ceia final, pelo poder aniquilador da morte, bebe um último cálice, unindo-se finalmente a todas as vítimas e carrascos que se cruzaram no palco e na vida. Morre sem lágrimas ou remorso. O maldito jogo da imitação chega ao fim sem vencedores. Todos foram vencidos. A história tem provado, vez após vez, que esta lição tão transparente e antiga nunca foi aprendida. Maldita natureza desumana que cega os olhos e a mente, aniquila e perdura!
     Cleópatra é a única que morre por vontade própria (suicida-se) e não nas garras de uma fera. De algum modo, aí o “mal” assume uma dimensão mais civilizacional, ligada ao poder e à construção dos impérios. O poder de Octávio César sobrepõe-se ao poder de Marco António e de Cleópatra; não ao poder do amor que também os une, mas ao poder político e militar. No entanto, Cleópatra só é “vencida” quando pensa ter perdido o ser amado e não quando perde territórios ou o poder.   
     Lady Macbeth é o principal elo de ligação entre todos os fragmentos. Começa por ser ela própria, invocando as forças do mal, revelando a sua crua frieza, a sede de sangue, a ambição de poder pelo poder. Imiscui-se como carrasco em Otelo, executando-o depois de este ter matado Desdemona, sua mulher, acusada infundadamente de traição. A verdadeira fera em Otelo é Iago, que assassina Emília, sua mulher, depois de esta ter revelado a verdade sobre a trama para destruir Otelo. Lady Macbeth recebe das mãos de Lady Anne (viúva de Eduardo IV, assassinado por Ricardo III) o punhal com que matou figurativamente Ricardo III. Ricardo III oferece o peito a um punhal que Lady Anne espeta apenas na madeira do tablado e que, mesmo assim, o mata (embora ele tenha sido realmente morto na batalha de Bosworth que pôs termo à Guerra das Rosas e à dinastia de York). (2) Lady Macbeth junta-se às outras mulheres para acariciar friamente Cleópatra, depois abandona-a deixando-a morrer sozinha. Depois da morte de Ricardo III, acompanha um funeral em que todas as mulheres sacrificadas carregam um caixão com o corpo simbólico de uma mulher; não importa o nome, é apenas mais uma vítima da natureza desumana. Tamora, por seu lado, é a única que irmana com Lady Macbeth na sua visceral maldade. É ela que instiga os filhos a cometer o crime hediondo sobre Lavínia, filha de Tito Andrónico. A figura de Lavínia, violada e torturada (cortam-lhe as mãos e a língua) pelos filhos de Tamora, enquanto esta se delicia com a perfídia, é uma das mais pungentes deste novelo trágico. É um daqueles episódios bárbaros que nos faz interrogar sobre os limites da maldade des-humana… E, no entanto, violar impunemente, cortar mãos e línguas contínua a ser um acto comum em certas culturas, muitas vezes ao abrigo da própria lei civil e religiosa. Maldita natureza desumana que inventa tais leis e religiões!
    
     Esta encenação intrincada e inteligente obrigou o espectador a ser muito mais do que um observador passivo. À densidade original dos textos, Victor Sezinando acrescentou novas camadas de significado que obrigaram a um certo trabalho de interpretação. Espantou-me um pouco que gente supostamente esclarecida tenha dito que pouco ou nada tinham compreendido… que era preciso conhecer muito bem Shakespeare para compreender o que viram…!!! Obviamente, discordo. Penso que mesmo aqueles que desconhecem estas peças de Shakespeare e o contexto histórico subjacente em algumas delas, podiam facilmente compreender o essencial. O essencial prende-se com a natureza desumana do ser humano. Não é preciso ler os clássicos nem as obras completas de Shakespeare para compreender isto, se bem que poderia ajudar a ver e compreender novas nuances nesta encenação. Aliás, esta encenação funde e “baralha” magistralmente as peças originais.
     Ainda mais do que em Molière, os jovens intérpretes tiveram de dar muito de si, das suas almas e emoções, para nos fazerem entrar neste jogo labiríntico, apontando um caminho que, afinal, é bem claro. Neste labirinto, que é a própria natureza humana, discernimos com clareza quais são os becos sem saída da desumanidade e quais os caminhos da verdadeira humanidade.
     Um fortíssimo aplauso de admiração para todos os intervenientes. Venceram um desafio muito exigente de uma forma admirável. Estes jovens intérpretes parecem muito mais do que aprendizes, com pouco mais de um ano de formação, na arte de interpretar a alma e as acções humanas e desumanas.  
         
  (1) Tito Andrónico – É a mais violenta tragédia escrita por Shakespeare e crê-se que foi a primeira. Grande parte dessa violência é representada em palco, mostrando uma espécie de galeria de horrores da “natureza desumana”. Ao contrário do que se possa pensar, esta peça teve uma recepção muito favorável do público da época, talvez demasiado habituado aos excessos de violência na sua própria história.
  (2) Ricardo III – Ricardo III não é assassinado por uma mulher, morre na batalha de Bosworth, a 22 de Agosto de 1485, a batalha que pôs termo à sangrenta guerra civil das Rosas entre as casas de Lencastre e York. Com a morte de Ricardo III termina a dinastia Plantageneta liderada pela Casa de York.
    Os restos mortais de Ricardo III só foram encontrados em 2012, durante a execução de obras num parque de estacionamento em Leicester. Sob este parque existira uma abadia (Grey Friar Abbey), entretanto demolida depois de ser criada a Igreja Anglicana. Testes de DNA e o exame do esqueleto provaram, em 2013, que os restos mortais pertenciam de facto a Ricardo III. Em 2015, Ricardo III foi oficialmente sepultado, 530 depois da sua morte extremamente violenta. Foram encontrados sinais de onze golpes no seu esqueleto. Segundo os peritos, pelo menos três desses golpes podiam ter-lhe causado a morte. Provavelmente, nem teve tempo de gritar «O meu reino, o meu reino por um cavalo!»
     Para completar a informação nesta nota, podem ser consultados os seguintes links, entre outros:


Actos I(n)mundos / Filthy Acts - Shakespeare, photography by São Ludovino.

 Actos I(n)mundos / Filthy Acts - Shakespeare, photography by São Ludovino.

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Actos I(n)mundos / Filthy Acts - Shakespeare, photography by São Ludovino.

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