quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

TEATRO NA ESCOLA XXXII

 

LÍNGUA PRIMEIRA

COCO – Adaptação do filme Coco da Disney / Pixar. Interpretação: alunos do Curso Profissional de Artes do Espectáculo (12.º 13) da Escola Secundária D. Pedro V, Lisboa. Encenação: Gonçalo Barata. Captação de imagem e edição de vídeo: São Ludovino. Apresentação pública de 28/1/2020.

Coco (Disney / Pixar, 2017), realização de Lee Unkrich e Adrian Molina, ganhou o Óscar de Melhor Filme de Animação.

     Outro filme levado ao palco, outra descida ao mundo dos que já partiram, outra aventura, outra ousadia que podia correr mal, mas correu bem, muito bem. A acção do filme decorre em múltiplos espaços fictícios, transpostos para três espaços cénicos fundamentais: o átrio do Auditório, o palco propriamente dito (divido em vários espaços destinados a cenas específicas) e as escadas da plateia. O espectador começa por acompanhar a performance ainda antes de entrar no Auditório e de se sentar. Entra, ao som de música popular mexicana, como quem entra no pátio de uma casa em festa: a comemoração anual do Dia dos Mortos em que se recordam os entes queridos que já partiram. No átrio do Auditório, o público toma contacto com Miguel, o miúdo que protagoniza a acção, e com os antecedentes da acção principal (flashback) e também o destino final de algumas personagens (Ernesto de la Cruz, a grande estrela, morre esmagado por um sino gigante enquanto recebe os aplausos do público). Serve este episódio de aviso: cuidado com a forma como “agarras o momento”. Às vezes “agarrar o momento” significa perder tudo, incluindo a própria vida. 


Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

     Coco não é apenas uma história sobre a força e a permanência dos verdadeiros afectos, é também uma história sobre o preço da fama, sobre os métodos para a alcançar e as suas consequências. São estes dois fios condutores (a fama e o modo como se conquista) que se entretecem no desenrolar da acção unidos por um fundo comum, a música, a memória e o amor. Foi a música que separou a família, foi através da música que Ernesto de la Cruz quis “agarrar o seu momento” e conquistar a fama, é a música que traz a alegria às pessoas simples da aldeia de Miguel ― usam-na para conviver, festejar e até para lembrar os entes queridos ― e é a música que conduz Miguel ao mundo dos seus antepassados para resgatar a verdade e fazer vencer o amor.

    Ernesto de la Cruz revela ser um ídolo com pés de barro que não tem talento nem honra, um indivíduo egoísta e ambicioso que não olha a meios para atingir os seus fins, a fama. Mata o verdadeiro autor das canções (Hector, pai da Mama Coco) que lhe deram celebridade e goza a fama sem quaisquer remorsos. A verdade por trás da fama de Ernesto de la Cruz deixa a nu o jogo de aparências e a credulidade do público. Não há fama sem público. É o reconhecimento de milhares que permite que alguém seja colocado num pedestal. A imagem e o marketing são as ferramentas fundamentais, hoje mais que nunca. A comunicação rápida e fácil espalha e consagra o talento, mas também a falta dele. Nessa teia de imagens e sons, o espectador-ouvinte pode ser cúmplice da farsa ou ajudar a desmontá-la. Os espectadores / ouvintes de Ernesto de la Cruz eram igualmente crédulos e manipuláveis.

     O absurdo desta fama infundada reside sobretudo no facto de, mesmo após a morte, Ernesto de la Cruz continuar a ser uma estrela; continuou a brilhar e a ser idolatrado enquanto a verdade não foi revelada. É Miguel, o miúdo que ama verdadeiramente a música e é talentoso, que tem nas veias o sangue do seu trisavô, Hector, que desmascara Ernesto e mostra que “agarrar o momento” exige mais do que uma imagem esplendorosa e fútil.  

     Miguel faz a sua viagem ao mundo dos mortos para resgatar o trisavô do esquecimento, mas também para devolver a música à sua família, de onde tinha sido banida após a partida daquele em busca da fama. Em vez da fama, Hector encontrou a traição e a morte.


Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

     É também através da música e das canções que Miguel consegue provar à Mama Coco que nunca fora esquecida e que, sem, saber, também lembrava: “Lembra-te de mim”. Quando Miguel começa a cantar esta canção, composta para ela pelo seu pai Hector, a Mama Coco acompanha-o espontaneamente como se nunca tivesse deixado de a cantar; a memória da sua infância regressa e traz-lhe de volta o amor e a alegria.

      A música preserva a memória, lembra e faz lembrar. A memória ajuda a construir a fama; a fama morre com o esquecimento. A memória faz parte do amor e da vida; só quem lembra permanentemente ama deveras. Uma das cenas mais perturbadoras é, por isto mesmo, aquela em que percebemos que ser esquecido é não ser amado e vice-versa. O velho músico, que entrega a guitarra a Miguel, volta a morrer uma segunda vez, morre verdadeiramente, quando foi esquecido por aqueles que o conheceram em vida. O trisavô de Miguel também está prestes a morrer definitivamente quando Miguel o encontra porque a velhinha Mama Coco está prestes a esquecê-lo completamente. É a música e a fabulosa viagem de Miguel que traz de volta a memória, o amor e a música.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

     Pôr de pé um espectáculo com uma produção tão complexa foi um grande desafio para o encenador, Gonçalo Barata, e para os jovens intérpretes, finalistas do Curso Profissional de Artes do Espectáculo. Foi necessária uma coordenação perfeita entre todos para ordenar tantas cenas, entradas e saídas, mudanças de espaço e de cenário, a música e o silêncio, a luz e a penumbra. O espectador foi arrancado da sua habitual passividade de receptor e teve de mover-se, de voltar a cabeça, de procurar a origem da voz ou da luz, de antecipar o que viria a seguir. É uma performance que se vê melhor à segunda vez; da primeira vez, o inesperado foi mesmo inesperado e escapou a alguns, incluindo a mim. Inesperado, dinâmico e muito exigente do ponto de vista da coordenação, este espectáculo merecia de facto ser visto mais vezes, dentro e fora da escola. Uma grande vénia para todos os construtores deste espectáculo meticulosamente inesperado. 

Coco - Encenação de Gonçalo Barata

COCO - Rehearsal & Breaks - phot. & video by São Ludovino


     A história que se segue (Língua Primeira) inspira-se na Mama Coco, mas mais ainda na sabedoria misteriosa dos velhos, sobretudo quando observada pelos olhos de uma criança.  

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LÍNGUA PRIMEIRA  

       No livro de receitas, o único livro que possuíra em toda a sua vida, a avó anotava tudo o que considerava importante: como fazer pão de milho, como tricotar um casaco, como cozer um sapato, as melhores histórias e adivinhas, as palavras bonitas ou sábias que ouvira aqui ou ali, um Verão em que não choveu um único dia, o florescer da laranjeira no quintal, os primeiros passos e as primeiras palavras dos filhos e netos. E tantas, tantas outras coisas comuns e extraordinárias que preenchem os dias.

     Certo dia, quando dormitava na cadeira de baloiço, colocada à sombra numa das extremidades do alpendre, o neto mais novo veio sorrateiramente e pegou no livro de receitas da avó. Claro que não era um livro impresso, era um caderno com folhas lisas que a avó preenchera ao longo de muitas décadas. Aquele livro era para Ruiz um grande mistério. A avó nunca se separava dele, não deixava que ninguém o lesse e usava-o sempre nos momentos importantes. Houve tempos em que chegou a pensar que a avó era uma espécie de feiticeira que anotava ali todos os segredos de magia. Porque ela fazia mesmo magia. Ele já vira muitas vezes com os seus próprios olhos.

     Naquele Verão em que não choveu, a avó andava muito apreensiva, sempre a olhar para o céu e a proferir palavras que mais ninguém entendia. Um dia, quando o mês de Setembro ia já a meio, a avó levantou-se a meio da noite e foi para o pátio acompanhada pelo seu livro de receitas. Ruiz também andava inquieto e acordava muitas vezes de noite. Ia à janela, via o céu limpo e as estrelas a cintilar. Por instantes ficava maravilhado e calmo. Mas logo que se deitava, a inquietação voltava. Com aquele céu sempre limpo nunca iria chover. Será que não voltava a chover nunca mais? Era uma ideia assustadora. Por isso dormia a sono solto na esperança de ouvir lá fora a canção da chuva.

     Naquela noite não ouviu o cair da chuva mas os passos da avó que fizeram ranger as tábuas do alpendre quando desceu para o pátio. Sem fazer barulho, ele levantou-se e foi pôr-se à janela, muito discretamente escondido atrás da cortina de renda que a avó fizera. Lá estava ela, toda iluminada pela Lua, de braços abertos, com o livro de receitas numa das mãos, a olhar para o céu. De vez em quando, apertava contra o peito o caderno de capa gasta e proferia baixinho uma oração, uma fórmula mágica, uma canção, uma história, um poema ou sabe-se lá o quê. Esteve assim várias horas, enquanto a Lua continuava a descer para Oeste até tocar as montanhas distantes. Enquanto este ritual durou, a Lua foi mudando de cor; de azul passou a amarela, depois a rosa até ficar quase vermelha e parecer um pequeno sol perdido na noite.

     Quando terminou, a avó parecia exausta mas muito calma. Voltou para dentro e foi deitar-se. Ruiz ficara completamente sem sono e decidiu ir ele para o pátio. Sentou-se numa pedra junto à laranjeira e assim ficou a perscrutar o céu enquanto a Lua se escondia pouco a pouco atrás das montanhas. O luar ia-se entrelaçando com a primeira luz da manhã anunciando um novo dia. E que dia espantoso! 

     Antes de os primeiros raios de Sol desenharem a sua sombra no chão, Ruiz viu um enorme bando de pássaros aproximar-se. Vieram pousar nas árvores em redor do pátio. Alguns decidiram instalar-se na laranjeira e chilrear numa conversa animada. Nada de extraordinário. Todos os dias acordava com o chilrear dos pássaros no pátio. Nunca apontara uma fisga a um pássaro, não porque a avó ficaria muito magoada, mas porque lhe parecia uma enorme maldade matar seres que assim de forma tão harmoniosa o acordavam para um novo dia. O que foi diferente nessa manhã é que ele estava ali, entre os pássaros, e não deitado na sua cama.

     Os pássaros desceram dos ramos e vieram chilrear nos beirais, nos peitoris das janelas, no alpendre, no chão mesmo aos seus pés. Não tinham medo, pareciam sorrir e cantavam suavemente. Por fim levantaram todos, voaram em redor da sua cabeça e voltaram a desaparecer atrás das copas das árvores mais altas. Absorvido pela dança dos pássaros, não viu o exacto instante em que o Sol surgia por trás das montanhas. Vinha envolto numa auréola branca e azulada. Quando olhou, sentiu vontade de gritar mas a voz não saía. Nuvens, eram nuvens que nasciam com o Sol. Em breve a ténue auréola foi-se adensando como uma longa cabeleira que se estendia pelo céu.

     Sem conseguir esperar mais, correu para casa aos gritos. «Nuvens, nuvens! As nuvens voltaram! Vieram com o Sol da alvorada!» Em breve todos estavam a pé e seguiam-no até ao pátio. Ainda tiveram tempo de ver o grande olho luminoso piscar entre a longa cabeleira. Depois, o Sol desapareceu por completo e todo o céu era um tecto promissor. A primeira gota tocou os lábios de Ruiz. Saboreou-a como um delicioso néctar. A avó abriu os braços de par em par e pronunciou mais uma daquelas melopeias que ninguém entendia. Estampado na cara tinha o mais belo sorriso que lhe vira.

     Desde esse dia, Ruiz passou a olhar a avó como um ser que não era inteiramente deste mundo. «Foi ela!» pensou, «Foi ela que trouxe as nuvens, trouxe a chuva! A terra vai ficar fértil de novo, vamos ter flores e uma horta cheia de legumes!»

     Passaram três anos desde esse dia e desde então Ruiz tinha um objectivo mais importante do que todos os outros: ler o livro de receitas da avó. Qual seria a receita para fazer chover?

     Hoje a avó dormia serenamente no alpendre e o caderno estava logo ali em cima do parapeito da janela. Chamava-o: «Vem, vem ler-me, se fores capaz. Vem descobrir os meus segredos…» 

     Antes de o abrir, respirou profundamente, preparando-se para a grande aventura e revelação. Na folha de rosto havia uns desenhos estranhos, pareciam plantas-animais ou talvez fosse o contrário. As folhas e as flores tinham olhos e boca e os animais tinham pernas de ramos e cabelos de algas e conchas. Também havia estrelas e palavras soltas que não conseguia decifrar, excepto o título escrito no centro: Livro de Receitas. Preparou-se então para a primeira página. De novo respirou profundamente e voltou a página. Mais desenhos e frases escritas naquela linguagem que não entendia. Não sabia que a avó desenhava, desenhava de uma forma belamente imperfeita. Não sabia o que significavam aqueles desenhos, apenas lhe pareciam belos e cheios de vida. Havia árvores cobertas de sóis e luas, pássaros com asas de gotas, flores entrelaçadas com figuras humanas, o vento inclinando a erva, uma casa feita de conchas e folhas, um caminho seguindo para o mar…

     Continuou a voltar as páginas e o espanto prosseguia até que eram já as páginas que se voltavam sozinhas e ele estava lá dentro, rolando pela erva fresca, sentindo o vento nos cabelos, molhando os pés à beira mar, chilreando nos ramos de uma árvore, atravessando montanhas, tocando as nuvens, caminhando entre as estrelas.

     Assim esteve muito tempo. O Sol descia suavemente atrás das montanhas e as sombras alongavam-se e tocavam-se numa saudação cordial. Sem dar por isso, o caderno descaiu-lhe sobre os joelhos e olhou o chão. Ao lado da sua sombra adivinhou a sombra da avó. Estava de pé atrás dele. Não tinha um ar zangado nem ralhou com ele. Apenas estendeu a mão e ele devolveu-lhe o caderno.

     ― O que aprendeste hoje de novo, Ruiz? Todos os dias aprendemos coisas novas. Hoje eu aprendi que chegou o momento de te revelar algumas páginas deste caderno. Agora que já viste o que há lá dentro, o que aprendeste, o que compreendeste do que viste? ― Perguntou a avó com toda a serenidade.

     ― Bem, não sei bem o que aprendi porque não percebi quase nada mas sei que gostei muito e que gostava de compreender. Que língua é essa em que escreves e falas às vezes? ― Inquiriu Ruiz.

     ― É a minha verdadeira língua, a primeira que aprendi logo que comecei a falar. Todas as crianças aprenderam essa língua. Só mais tarde, fomos obrigados a aprender esta língua que todos falam… uma língua de esquecimento, uma língua fronteira que nos separou das origens. Falávamos com as árvores e elas entendiam, falávamos com os pássaros e eles chilreavam de volta, falávamos com as nuvens e o vento e eles dançavam e cantavam em nosso redor… Mesmo calados, falávamos com o Sol e a Lua e eles respondiam com um brilho que dos olhos passava à alma e lá ficava a fazer-nos crescer.

     ― Avó, tu pareces tão sábia… quando crescer, quero ser como tu…

     ― Deseja antes ser simples como eu… Essa será a melhor maneira de seres sábio!

     ― Mas, diz-me, avó, o que se passou naquela madrugada daquele Verão quente e seco quando tudo parecia estar a morrer… Tu trouxeste as nuvens, sei bem que foste tu… Fizeste chover e tudo voltou a brilhar…

     ― Enganas-te. Não fui eu que fiz chover. Eu só falei com as estrelas e o esquecimento. É preciso falar sempre com o esquecimento. Se falares com ele, torna-se memória que nada esquece e tudo abarca. As estrelas nunca esquecem, sabes. Quando quiseres devolver a vida a alguma coisa tens de falar com as estrelas. Elas lembram-se de tudo e de todos… Mesmo que tu te esqueças, elas vão lembrar-se. Eu nunca deixei de falar com as estrelas… por isso me lembro ainda da minha língua primeira.

     ― Mas como podem ouvir-te as estrelas e compreender a tua língua… Tu vieste das estrelas? Foi lá que aprendeste essa língua?

     ― As estrelas não estão sós, sabes. Estão povoadas de muitos seres, seres que estiveram aqui, ali, além… Um dia, também tu hás-de caminhar pelas estrelas… Será daqui a muito, muito tempo e eu estarei lá para te receber. Caminharemos por um grande livro que contém toda a história do mundo escrita em muitas línguas e tu vais compreendê-las todas… Foram eles, os que moram agora nas estrelas que trouxeram as nuvens do mar até aqui…

     ― Mas onde é que eles estão que não os vejo?

     ― Há muito mais do que aquilo que podes ver… Não podes ver o vento, mas ele pode segredar-te muitas coisas ao ouvido… Não podes ver as nuvens que estão para lá das montanhas, mas elas estão agora mesmo a refrescar outras terras, não podes ver o Sol quando adormece mas está acordado do outro lado do mundo, não podes ver a vida quando cais no sono, mas continuas vivo e tudo continua a existir…

     ― Que bonitas que são aquelas nuvens avó! Foram também eles que as trouxeram?

     ― Foi a Mãe Natureza, é ela o elo entre todas as coisas… As estrelas são tão naturais como as gotas de água, como o teu espanto de criança ou os meus cabelos brancos…

     ― Avó, promete-me que nunca te vais esquecer dessa língua que te faz falar com tudo…

     ― Prometo! Ela não me deixaria esquecer mesmo que eu quisesse… É a língua do amor que une todas as coisas belas e essenciais… e eu nunca deixei de amar…

São Ludovino, 21/4/2020

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Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.

Coco - Rehearsal & Breaks, photography by São Ludovino.


Encenação / Staging

Gonçalo Barata

Elenco / Cast

Adriana Loureiro
Ana Martins
Beatriz Carvalho
Cátia Castanheira
Diana Sardinha
Diogo Pereira
Filipa Lopes
Iris Sena
Joana Jorge
João Duarte
Maria Mendes
Mariana Correia
Nádia Antunes
Rafaela Alves
Raquel Simões
Samira Baldé
Sandro Dias
Sara Carvalho
Sofia Pedrosa
Tatiana Cavalheiro

Adaptação do filme Coco da Disney / Pixar

Adaptation of the Disney / Pixar Movie Coco

Gonçalo Costa
Bruno Santos
Catarina Castanhas
Constança Neves
Diogo Campos
Gil Gualota
Joana Ribeiro
José Gomes
Júlio Pinheiro
Maria Silva
Raquel Bragança
Sophia Monteiro
Tiago Sousa

Fotografia & Vídeo / Photography & Video

São Ludovino



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