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terça-feira, 7 de maio de 2019

NAS ENTRELINHAS DA HISTÓRIA VIII


HERÓIS, ANTI-HERÓIS E QUIMERAS - X
(Complemento dos posts anteriores.)

BIBLIOGRAFIA
Segue-se uma lista de bibliografia e documentos para quem se interessa por estas coisas das linhas e entrelinhas da História:

* Vida e Morte de Gomes Freire, Raúl Brandão, Publicações Alfa, Lisboa, 1990
* A Conspiração de 1817 - Quem Matou Gomes Freire, Raúl Brandão, Porto, 1914 -
https://archive.org/details/conspiraode100branuoft
* Bernardim Freire de Andrade, Tenente-General (1759-1809),  Nuno Lemos Pires, Academia Militar, 2013 -https://comum.rcaap.pt/handle/10400.26/15537
* O General Gomes Freire, de Manuel Barradas, Typographia Minerva Central, Lisboa, 1892 - https://archive.org/details/ogeneralgomesfre00barr
* Batalhas da História de Portugal – Guerra Peninsular, 1801-1814, Volume 13, António Pedro Vicente, Academia Portuguesa de História, QuidNovi, Lisboa, 2006
* Nova História Militar de Portugal, Volume 3, Dir. Manuel Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira, Círculo de Leitores, Lisboa, 2004
    
********************************************************

* A besta esfolada, José Agostinho de Macedo, 1761-1831, Lisboa, 1828 - https://archive.org/details/bestaesfolada00mace
* A history of the Peninsular War, Sir Charles William Chadwick Oman (1860-1946), Vol. 1, Oxford, 1902 (obra em 7 volumes) – (refere Bernardim Freire e as insurreições populares, p. 217; dá pleno crédito à narração e aos dados de José Acúrcio das Neves) - https://archive.org/details/historyofpeninsu01oman
* A history of the Peninsular War, Sir Charles William Chadwick Oman (1860-1946), Vol. 2, Oxford, 1903 (obra em 7 volumes) -
https://archive.org/details/historyofpenins02oman
* A Imagem de Fernando VII na Literatura Panfletária Portuguesa, 1808-1814, António Pedro Vicente - http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5040.pdf
* Analyse da proclamação de Mr. Junot de 16 de Agosto de 1808, Coimbra, 1808 - https://archive.org/details/analysedaproclam00coim
* Armée de Portugal : Au Quartier-Général de Lisbonne 1.er Mars 1800 : Ordre du Jour = Exercito de Portugal : No Quartel General de Lisboa 1.º de Março de 1808 - http://purl.pt/26817
* - Aviso de hum religioso portuense a seus concidadaõs. - Porto, 1809 - Porto, Typographia de António Alvarez Ribeiro - http://purl.pt/13948
* Aviso do General Junot aos habitantes de Lisboa sobre a ocupação da cidade, 1807 - http://purl.pt/26792
* Aviso do General Junot aos habitantes de Lisboa sobre a ocupação de Portugal, com ameaças de diversos castigos sobre quem se revoltar, datado de Alcantara, 17 Nov. 1807 - http://purl.pt/26798
* Aviso do comandante Loison sobre a condenação à morte de Jacinto Correia, datado do Quartel General de Mafra a 1 de Fevereiro de 1808 - http://purl.pt/26809
* Aviso do Comissário do Sequestro das Propriedades Inglesas sobre a obrigatoriedade do pagamento da terça parte das ditas Fazendas estipulada no Dec. de 1 de Fevereiro,1808 - http://purl.pt/26813
* Carta constitucional da monarchia portugueza – D. Pedro IV, Lisboa, 1826 - https://archive.org/details/cartaconstitucio00port
* Carta Constitucional da monarchia portugueza - decretada e dada aos 29 de Abril de 1826 pelo Rei D. Pedro, imperador do Brasil. Lisboa, Imp. Regia, 1826 - http://purl.pt/1358
* Carta de guia para eleitores, em que se tracta da opinião pública, das qualidades para deputado, e do modo de as conhecer / por J. B. da S. L. de Almeida Garrett.... - [1ª ed.]. - Lisboa : Typ. de Desiderio Marques Leão, 1826 - http://purl.pt/58
* Carta escrita do outro mundo por William Pitt ao Imperador Napoleão, Impressão Régia, Lisboa, 1808. Vende-se na loja de Francisco Xavier de Carvalho, junto á Igreja dos Martyres - https://archive.org/details/cartaescritadoou00lisb
* Carta Escrita - Sobre a 1.ª invasão francesa - Junot, autor anónimo, (diz-se brasileiro residente em Lisboa) - L.P.A.P., Lisboa, 1808 - https://archive.org/details/cartaescrita00lisb
* Carta que escreve hum militar portuguez de Saragoça aos seus amados compatriotas.... - Lisboa, Na Offic. de João Euangelista Garcez, 1809 - http://purl.pt/14932
* Carta Regia. Governadores do Reino de Portugal, e dos Algarves.= Amigos. : Eu Elrei vos envio muito saudar, como aquelles que amo e prezo. Exigindo a execucão do novo regulamento, que Eu houve por bem mandar formalizar para a organizacão do Exercito de Portugal, que daqui em diante se proceda a frequentes inspeccões nos corpos de milícias, 1816 –  https://archive.org/details/cartaregiagovern00port
* Carta-Relatório de Christian Adolph Frederick Eben para John Cradock, sobre a Batalha de Braga. - Porto 25 de Março de 1809. (Barão de Eben, c. 1773-1825). Referência a Bernardim Freire de Andrade - http://purl.pt/30310
* Constituição de 1822 / comentada e desenvolvida na pratica por Faustino José da Madre de Deos. - 2. ed. - Lisboa : Na Typ. Maigrense, 1823 - 
http://purl.pt/22641
* Constituição politica da monarchia portugueza. – Lisboa, Imp. Nacional, 1822 - http://purl.pt/6926
* Contra-memoria sobre o chamado baptismo do réo Manoel Inocencio de Araujo Mansilha, executado a 20 de Junho de 1828. - Lisboa, na Impressão Regia, 1828 - http://purl.pt/6662
* Declaração da revolução principiada no dia 16 de Junho de 1808 no Algarve, e lugar de Olhão, pelo governador da Praça de Villa Real de Santo Antonio, José Lopes de Sousa para a restauração de Portugal, 1808 - http://purl.pt/25659
* Decreto de Napoleão, de 23 de Dezembro de 1807, impondo a Portugal uma contribuição de guerra de cem milhões de francos e mandando sequestrar os bens da família real portuguesa e dos fidalgos, Lisboa, 1808 - http://purl.pt/26808
* Decreto do General Junot, declarando aos habitantes do Reino de Portugal que Napoleão tomou Portugal sob o seu protectorado e que a Casa de Bragança acabou de reinar em Portugal, 1 de Fevereiro de 1808 - http://purl.pt/26804
* Decreto do General Junot, ordenando a confiscação de bens de origem inglesa em Portugal, datado de Lisboa a 4 de Dezembro de 1807 - http://purl.pt/26793
* Decreto do General Junot, ordenando que todos os actos oficiais sejam em nome de Napoleão, datado de 1 de Fevereiro de 1808 - http://purl.pt/26807
* Decreto do General Junot, ordenando um prazo de três dias para se cumprir a ordem dada no passado dia 4 acerca da obrigação de declarar os bens dos ingleses,18 Dezembro de 1807 - http://purl.pt/26797
* Decreto do General Junot, suprimindo o Conselho da Regência e criando um conselho de governo, datado de 1 de Fevereiro de 1808 - http://purl.pt/26805
* Decreto em que o Príncipe Regente anuncia a sua ausência para o Brasil e nomeia uma Junta de Governo do Reino, com as Instruções para o mesmo fim, dado em 26 de Novembro de 1807, Officina de Antonio Rodrigues Galhardo, Lisboa, 1807 - http://purl.pt/26787
* Diário do Porto, 1828 –
* Discurso de o General em Chefe do Exercito entre o Tejo e Mondego, aos seus soldados. - António José de Miranda Henriques, Tomar, 1809 - http://purl.pt/13949
* Edital da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fabricas, e Navegação sobre o pagamento do Decreto de 1 de Fevereiro, datado de 3 de Março de 1808 - http://purl.pt/26786
* El-Rei Junot, Raúl Brandão, Porto, 1919 - https://archive.org/details/elreijunot00bran
* Embarque dos apaixonados dos Francezes para o hospital do mundo, ou Segunda parte da Protecção á Franceza, José Daniel Rodrigues da Costa, 1757-1832, Lisboa, 1808 - https://archive.org/details/embarquedosapaix00cost
* Enfrentar as Linhas. Testemunhos franceses sobre uma barreira intransponível, António Ventura - http://www.linhasdetorresvedras.com/ficheiros/pdf_artigos/enfrentar_as_linhas_antaonio_ventura.pdf
* Essai statistique sur le Royaumme de Portugal et dªAlgarve, comparé aux autres états de lªEurope, et suivi d'un coup'oeil sur l'État actuel des sciences, des lettres et des beaux-arts parmi les portugais des deux hémishéres / par Adrien Balbi. - Paris : chez Reych Gravier, libraires, 1822. – Vol. 1 –
* First campaign in the Peninsula, from the landing of the british army in Portugal to the Convention of Cintra. - London : printed by William Clowes and Sons, 1808 - http://purl.pt/23398
* Gazeta de Lisboa, 1829 –
* Gomes Freire - Paris, 12 de Setembro de 1814 - Certificado atestando os bons serviços prestados pelo major Cândido José Xavier (1769-1833) como comandante da Legião Portuguesa. - http://purl.pt/29589
* Gomes Freire - Romance Histórico - Vol. I, de Francisco da Rocha Martins, João Romano Torres & C.ª Editores, s.d. - 
* Gomes Freire - Romance Histórico - Vol. II, de Francisco da Rocha Martins, João Romano Torres & C.ª Editores, s.d. -
* Gomes Freire - Drama Histórico, Teófilo Braga, Porto, 1907 - 
https://archive.org/details/gomesfreiredram00braggoog - https://archive.org/details/gomesfreire00braggoog
* Gomes Freire por Henrique de Campos Ferreira Lima, Coimbra, 1919
* Grandes Reportagens de Outros Tempos - Gomes Freire de Andrade - GROT 18
* Guerra peninsular - notas, espisodios e extractos curiosos, Francisco Augusto Martins de Carvalho, Coimbra, 1910 – (formação das legiões) -
https://archive.org/details/guerrapeninsular00carv
* História da guerra Civil e do estabelecimento do governo Parlamentar em Portugal, (2ª época – Tomo I e II), Luz Soriano, Imprensa Nacional, Lisboa, 1870-1871 - https://archive.org/search.php?query=creator%3A%22Luz+Soriano%2C+Sima%CC%83o+Jose%CC%81+da%2C+1801-1891%22
* Historia geral da invasão dos francezes em Portugal e da restauração deste reino / por José Accursio das Neves. - Lisboa : na Officina de Simão Thaddeo Ferreira, 1810-1811. - 5 vols. - http://purl.pt/12098
* History of the Peninsular War by Robert Southey (1774-1843), London, 1828, 6 vols. - https://archive.org/details/historyofpeninsu01sout
* Instruções ordenadas por Junot, para a execução do Decreto de 1 de Fevereiro sobre a contribuição extraordinária de guerra, dadas em Lisboa, em 27 de Fevereiro de 1808 - http://purl.pt/26816
* Inventario dos roubos feitos pelos francezes em os paizes invadidos pelos seus exercitos / traduzido de hum papel inglez intitulado «Cartas dªAlfredo» para o idioma hespanhol, e deste para o portuguez por F. I. J. C.. - Lisboa : na Nova Officina de João Rodrigues Neves : vende-se na Casa da Gazeta, 1808 - http://purl.pt/22145
* Letters written during a journey in Spain, and a short residence in Portugal, vol. 1 by Robert Southey, 1774-1843, London, 1808
* Letters written during a journey in Spain, and a short residence in Portugal, vol. 2 by Robert Southey, 1774-1843, London, 1808
* Lisboa e a Invasão de Junot - população, periódicos e panfletos (1807-1808), José Mário Fidalgo dos Santos - 
https://run.unl.pt/bitstream/10362/14652/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20DE%20MESTRADO.pdf
* Lista das Pessoas Que Contribuíram para o Empréstimo Forçado Decretado no dia e de Dezembro de 1807 - http://purl.pt/26799
* Manifesto do grande oriente lusitano contra a loja regeneração: e circulares e protestos desta contra o grande oriente, acompanhado da censura, e eruditissimas Reflexões, escriptas pelo reverendo Padre José Agostinho de Macedo, 1761-1831, Lisboa, 1829 - 
https://archive.org/details/manifestodogrand00mace
* Mémoire raisonné sur la retraite de l'armée combinée espagnole et portugaise du Rousillon – (atribuído a Gomes Freire), 1895 –
https://archive.org/details/mmoireraisonn00gfof
* Memória dos mais notáveis acontecimentos que houve em Leiria e seus contornos por ocasião do combate dado em 5 de Julho de 1808, de João José do Souto Rodrigues, sem licenças de impressão, sem indicação do local, sem data. Fala, por exemplo, dos massacres de Leiria, em 1808. Terão sido assassinadas cerca de mil pessoas, "mulheres, crianças, cegos, aleijados e outras pessoas inábeis", p. 15.
* Memória e mitos da Guerra Peninsular em Portugal: A História Geral da Invasão dos Franceses de José Acúrsio das Neves, Ana Cristina Araújo, Revista de História das Ideias, Vol. 29, 2008 -
https://digitalis-dsp.uc.pt/jspui/bitstream/10316.2/41569/1/Memoria_e_mitos_da_guerra_peninsular.pdf
* Memoria historica da invasão dos francezes em Portugal no anno de 1807, José Caetano da Silva Coutinho, Rio de Janeiro, 1808 - 
https://archive.org/details/memoriahistorica00cout
* Memoria sobre a conspiração de 1817, anónimo, Impressão Liberal, Lisboa, 1822 – Segundo um artigo da revista Ocidente, vol. 13, 1890, trata-se de «uma carta, assinada por Pedro Pinto de Morais Sarmento, escrita em Londres a 8 de Maio de 1821, em que ele se defende da denúncia que fez da conspiração, e da forma como procedera por ordem de Beresford.»
* Memórias, Raúl Brandão, Porto, 1919 – Vol. 1 - 
https://archive.org/details/memorias01branuoft
* My adventures during the late war; a narrative of shipwreck, captivity, escapes from French prisons, and sea service in 1804-14, Donat Henchy O’Brien (1785-1857), London, 1902 - 
https://archive.org/details/myadventuresduri00obririch
* Napoleão Bonaparte e Portugal - Patriotismo e Memórias da Resistência, Ana Cristina Araújo - http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/12086.pdf
* Nome das Ruas Onde Assistem as Principais Personagens do Novo Governo, 1808 - http://purl.pt/26806
* O Lagarde portuguez, ou Gazeta para depois de jantar, Luís de Sequeira Oliva e Sousa Cabral, 1778-1815, Lisboa, 1808 - 
https://archive.org/details/olagardeportugue00unkn
* O prazer dos Lusitanos na regeneração da sua patria / por José Daniel Rodrigues da Costa. - Lisboa : na Impressão Regia, 1820 - http://purl.pt/6640
* O telegrafo portuguez, ou Gazeta para depois de jantar, Luís de Sequeira Oliva e Sousa Cabral, 1778-1815, Lisboa, 1808 - 
https://archive.org/details/otelegrafoportug00unkn
* Ocupação e resistência na Guerra Peninsular: o massacre de 5 de Julho de 1808, em Leiria, Ana Cristina Araújo, Imprensa da Universidade de Coimbra in Revista de História das Ideias, Vol. 31, 2010 - https://digitalis-dsp.sib.uc.pt/bitstream/10316.2/41508/1/Ocupacao_e_resistencia_na_Guerra_Peninsular.pdf
* Ordem do General Thiebault, lembrando que os Oficiais portugueses não têm direito a refeição, datado em Lisboa a 8 de Dezembro de 1807 - 
http://purl.pt/26796
* Os inquisidores apostolicos contra a heretica pravidade... fazemos saber... venhão denunciar, e manifestar ante nós..., Coimbra, 1818 - 
http://purl.pt/4459
* Panfletos anti-napoleónicos durante a Guerra Peninsular - actividade editorial da Real Imprensa da Universidade, António Pedro Vicente –  https://digitalis-dsp.uc.pt/jspui/bitstream/10316.2/41813/1/Panfletos_anti-napoleonicos_durante_a_guerra_peninsular.pdf
* Protecção á Franceza, José Daniel Rodrigues da Costa, 1757-1832, Lisboa, 1808 - https://archive.org/details/protecofranceza00cost
* Primeira Invasão Francesa, 1807-1808 - A Invasão De Junot e a Revolta Popular, João Paulo Ferreira da Silva, Academia das Ciências, Lisboa, 2012 - http://www.acad-ciencias.pt/document-uploads/1679225_primeira_invasao_francesa_1807-1808.pdf
* Reflexoens sobre as observaçoens do Dr. Andrew Halliday o respeito do estado presente do Exercito de Portugal. - London, M. Bryer, 1812 (Halliday dedica breves linhas elogiosas a Gomes Freire, este invoca-as para se defender) - http://purl.pt/28679
* Relação da Moeda Franceza : Valor da Moeda Franceza, reduzida em reis Portuguezes, para uso dos Nacionaes na compra dos generos pelas Tropas do Exercito de S.M. o Imperador e Rei, Lisboa, 1808 - http://purl.pt/26791 
* Revista Universal Lisbonense, N.º 9, de 19 de Outubro de 1843 – Artigo sobre Gomes Freire de Andrade, pp. 101-102
* Selections from the letters of Robert Southey, Robert Southey, 1774-1843, Vol. 3, London, 1856
* “Série das invasões francesas”: análise da imagética. Uma visão Ibérica sobre um inimigo exterior, Maria Manuela Gomes Gonçalves, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidades Nova de Lisboa, Lisboa, s.d.
* Souvenirs d'une ambassade et d'un séjour en Espagne et en Portugal, de 1808 à 1811, Laure Junot, duchess de Abrantes, Bruxelles, 1838 -
https://archive.org/search.php?query=Laure+Junot&page=4
* Telegrafia Visual na Guerra Peninsular, 1807-1814 - Parte 1, Isabel de Luna, Ana Catarina Sousa com colab. de Rui Sá Leal - 
https://historiasdetorresvedras.files.wordpress.com/2012/04/telegrafia-visual-2.pdf
* Tendo visto Sua Alteza Real o infame procedimento de D. Pedro de Almeida, Marquez de Alorna manda o Principe Regente nosso senhor, declarar Pedro de Almeida réo de lesa majestade…6 de Setembro de 1810 - http://purl.pt/13952
* Testamento que fez a ilustrissima e excellentissima senhora Dona Constituição à hora da sua mortte. Lisboa, Imp. de A. L. de Oliveira, 1828 - http://purl.pt/6642
* The journal of an Army surgeon during the Peninsular War by Charles Boutflower, 1782-1844, Manchester, 1912
* The present state of Portugal, and of the Portuguese army, by Andrew Halliday, Edinburgh, 1812 –
* Tratado de Fontainebleau e convenção secreta anexa - 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Fontainebleau_(1807)
* Ultimas noticias de Saragoça, e sua ultima resistencia por Fr. Theobaldo Rodriguez. - Lisboa, Impr. Regia, 1809 - http://purl.pt/17434
* Viamos e não veremos - alegoria moral, acompanhada de outras diversas maximas relativas a nossa liberdade constitucional - Lisboa, Impressão Regia, 1820 - http://purl.pt/6587





NAS ENTRELINHAS DA HISTÓRIA VII


HERÓIS, ANTI-HERÓIS E QUIMERAS - IX
(Conclusão dos posts anteriores. Manteve-se quase sempre a grafia dos documentos originais.)


O INCONTORNÁVEL AGOSTINHO DE MACEDO

Nota 31: Por entre a crítica e o sarcasmo de José Agostinho de Macedo, um incansável polígrafo, encontram-se muitas opiniões mas também muitos factos que ele envolve muitas vezes num novelo difícil de desenredar. Nem vou eu agora desenredá-lo. Ficam aqui apenas alguns pequenos excertos que são um retrato do seu tempo e do acentuado conflito de ideias que percorreu quase todo o séc. XIX. Os fragmentos foram extraídos d’A Besta Esfolada (periódico miguelista de que a Biblioteca Nacional de Lisboa só tem dois números e a Biblioteca da Universidade de Toronto tem dezenas!!! Nos alfarrabistas de Lisboa ainda se encontra… por 90 euros e na Amazon por 16 a 40 dólares).

    «V. m. diz na sua 23 que se derão varadas nos homens, palmatoadas nas mulheres, e que os Cimiterios das Províncias continhão em si muitos dos Cadáveres destas victimas. V. m. não pode negar isto, pois o deixou em letra redonda: ásperamente o reprehendo, por este falso testemunho, e por esta injúria feita á Nação… teimão sempre com a Naçaõ, e como elles saõ a Naçaõ, nunca lhe esquece a Nação. Eu tambem digo agora á Naçaõ, que no momento destas arguições, se eu não fosse tão desgraçadamente enfermo, era aquelle o momento, de eu fugir para sempre do seio de tal Nação. Eu fiquei tão azoimado, que vendo-me já no lumiar da porta, não sabia se aquillo era a rua, se era a enxovia do Limoeiro, localidade arejada por baixo do Gabinete do Carrasco!!
     Assim se fallava, quando ainda retumbavão pelos ouvidos sensiveis os lastimosos ecos dos dolorosos gemidos das dezanove victimas, cujo sangue derramado, e pedaços de carne palpitantes ainda estavão frescos até nas horrorisadas pedras da Praça d'Alcantara, e a cujo abominando espectáculo tinhão concorrido em galhofa, e em triunfo de Cannibáes, em seges, a cavallo, a pé, por terra, e em barcos pelo mar, os mais filantrópicos Republicanos de lodos os illustrados arruamentos, deixando as Tabernas sem vinho, e as Bodegas sem iscas, que não davaõ trégoas ás frigideiras com os taçalhos de fígado dando vivas ao Carrasco, Inspector de Dragonas de cachos, que tanta perícia mostrou na táctica daquellas evoluções, só com a palavra — Rijo — Nunca estremeceo tanto a Natureza; nunca se ultrajou mais a humanidade, nunca o Sol, que devera fugir da vista destes, vio em Portugal huma scena de maior horror, representada sem remorsos por hum bando de Caraibas, que nem aseus mesmos prisioneiros, feitos cm guerra, farião outro tanto. Ali ficárão agonizantes aquellas innocentes victimas, que a barbaridade depois arrastrou a huma prizão sem cuidar em seu soccorro, nem em seu alimento, acto tanto mais criminoso, quanto mais honrado era o crime, porque os punião. Nao deviaô só ir viver fora de Portugal, mas fora de toda a communicaçaõ da especie humana o monstro, que tal mandou executar, e o maior monstro ainda, que o fez executar, e presidio á execução. Isto vimos nós aqui com os nossos mesmos olhos, e deixar correr delles lagrimas visíveis seria para taes antropófagos, que se não saciavão de carne humana, hum delicto igualmente punível, assim como na presença daquelle Ministro foi hum delicio have-lo annunciado.
     Não cessavam, nem se interrompião as noticias, e as cartas vindas das Províncias, que contínhão patheticas relações de iguaes deshumanidades; moços, veneráveis anciãos, respeitáveis Sacerdotes, innocentes meninos, frágeis mulheres, huma  vez que de sua boca sahisse, mandado pelo affecto do coração, o nome do nosso Adorado, e Idolatrado Monarca, atados a arvores, manietados nas Praças, e até tirados das enxovias das mesmas prizões, sem mais processo, sem mais formalidade, que o arbítrio, e ferocidade destes Árabes Bedoinos, debaixo do Império, a que chamavão da Lei, e á sombra da Magna Carta foram condemnados a estas horríveis flagellaçôes , entre os apupos dos amigos do Rei e da Carta Divinal. Existem nas Províncias do Norte mulheres, a quem cortarão braços, a que hia subindo a gangrena das mãos despedaçadas, e ulceradas;
e quantos nomes existirão nos Livros dos Óbitos das Freguezias destas desgraçadas victimas, e martyres illustres, e memorandos da Realeza! Eu irei juntando documentos desta inaudita civícia no longo decurso desta universal esfolação da Grão-Besta , para que a Justiça humana se apresse a descarregar seus golpes, e suspenda assim os raios da Justiça Divina.» (págs. 5-6)

José Agostinho de Macedo, Lisboa, entre 1831 e 1850 por Joaquim Pedro de Aragão
- PURL 5645-1 - e-248-v_0001_1_p24-C-R0072 (BNP).


*****************************
O CÃO MALHADIÇO
He o Porto, por dezasete vezes se tem amotinado, e revolucionado, e por mais que tenha sido malhado, nunca se vio emendado: e se agora de todo não derrabão este Caõ, ainda que o malhem tornará a morder.
     Tenho explicado com clareza, e até com rigor mathematico, quem seja a Besta, quem seja o Cão, que tanto tem dado, que fallar, e tanto que esperar,  mas o reinado da Besta, de que se falia no Apocalypse, teve menor duração, do que o da Besta péssima, que nos devorou; eu não podia escrever os seus Annaes com ella viva, acabou o Reinado, começa a Historia, eu lhe tirarei a pelle, que a isso se chama esfolação, e teremos a Besta esfolada.» (p. 7)

TRIBUTO

Nota 32: Placa comemorativa dos “Mártires da Pátria”, inaugurada em Março de 1994 no Jardim do Campo de Santana / Campo Mártires da Pátria: «Em 18 de Outubro de 1817 foram supliciados neste campo por defenderem a liberdade e a integridade da Pátria os heróicos companheiros do General Gomes Freire de Andrade cujos nomes se recordam a posteridade José Joaquim Pinto da Silva; José Campelo de Miranda; José Ribeiro Pinto; Manoel Monteiro de carvalho; Henrique José Garcia de Moraes; José Francisco das Neves; António Cabral Calheiros Furtado e Lemos; Pedro Ricardo Figueiró; Manoel de Jesus Monteiro; Manuel Inácio de Figueiredo; Maximiano Dias Ribeiro; honra a sua memória. Esta lápide significa a homenagem da C.M.L. na Comemoração do Centenário da morte dos gloriosos extinctos. 18 de Outubro de 1917». - http://www.lisboapatrimoniocultural.pt/artepublica/placasevocativas/pecas/Paginas/Martires-da-Patria.aspx


Fructos da revolução - Napoleão intruso em 1796, Lisboa, 1871 por Joaquim Pedro de Aragão - PURL 5047-1 - e-599-v_0001_1_p24-C-R0072 (BNP).


ICONOGRAFIA

Nota 33: Sobre as gravuras de Francisco de Goya y Lucientes, Los Desastres de la Guerra, veja-se, por exemplo:
- Goya grabador, Aureliano de Beruete y Moret, 1876-1922, Madrid, 1918 -  https://archive.org/details/AV194
- Los Desastres de la guerra : colección de ochenta láminas inventadas y grabadas al agua fuerte, Madrid, 1863 - https://archive.org/details/AL097

* Vejam-se também as gravuras de Cirilo Volkmar Machado (1748-1823), Série Invasões Francesas, digitalizada pela BNL - http://purl.pt/13956/3/

The Colossus by Francisco de Goya y Lucientes, 1808.

Y no hai remedio, Francisco Goya, série de gravuras Los Desastres de la Guerra.

Los Desastres de la Guerra, Don Francisco Goya, Madrid, 1863.


IMAGENS:

NAS ENTRELINHAS DA HISTÓRIA VI


HERÓIS, ANTI-HERÓIS E QUIMERAS - VIII
(Continuação do post anterior. Manteve-se quase sempre a grafia dos documentos originais.)

INTRIGAS E TRAIÇÕES MAÇÓNICAS

Nota 27: Fragmento de uma série de manifestos e protestos de lojas maçónicas rivais, comentados por José Agostinho de Macedo. Contém uma referência a Gomes Freire e aos outros maçons que o traíram.

«PROTESTO DA LOJA REGENERAÇÃO CONTRA O MANIFESTO DO GRANDE ORIENTE.

A TODOS OS MAC. LUZITANOS.
     O Crime mais atroz até hoje praticado Maç.º he aquelle que ha pouco acaba de perpetrar o G.O.L. Tribunal illegitimamente constituído, despótico, execrando, e venal.
     Esta reunião de malvados, e de prejuros fizerão imprimir de seu mandado hum folheto com o titulo de Manifesto do G.O.L. a toda a Maçonaria. Neste, atroz papel se patenteão os segredos mais recônditos em nossos mysterios. Alli se personalizão II. de conhecida probidade, a quem o outro estrangeiro ainda naõ pôde corromper: alli abjurão os traidores o ser de MMaç. porque forão infiéis a seus juramentos. Neste centro de criminosos se encontrão três, que depozeraõ em segredo contra o Benemérito Portuguez Martyr da Pátria, e victima do mais execrando despotismo, Gomes Freire de Andrade. Alli se encontra o máo amigo, que esquecido dos benefícios do seu bemfeitor o atraiçoa, e delata; o máo esposo que cobre de infâmia sua esposa, e até em autos públicos; delapidadores dos fundos das LL.; e em fim alli circula por veredas incógnitas o ouro estrangeiro, que talvez hum dia abysme a nossa cara Pátria em hum pélago de males.
     Até quando MM. Lusitanos curvareis o colo ao Despotismo de taes perversos?... Será crível que ainda estejaes illudidos á vista desse documento, pelo qual fosteis delatados aos profanos por esse Tribunal, que devendo ser o Paladium da segurança Maç.ª, e o sacrário dos nossos sigillos, se tornou o mais abjecto, e infame de todos os ajuntamentos? RR. LL. da Metrópole, e Províncias, recolhei a vós as procurações que desteis a vossos Representantes, e riscai do vosso quadro todo aquelle que authorizou a revelação dos nossos
segredos; porque as grandes Dignidades que compõem o O. nada mais saõ do que depositários da direcção dos negócios da ordem, e de modo algum podem alterar o que está guardado por aquelles juramentos communs a todos os MM. O mal he de natureza tal, que curallo seria augmentallo; o único meio que pôde salvar a Maç. do perigo a que a expozeraõ os máos MM. que compõem o O. he só convocando Estados Geraes , estabelecendo hum centro de unidade composto de MM. virtuosos, sábios, e naõ prevaricadores das suas
funções. Examinai CC. II. se vossos Representantes sanccionáraõ a publicação de semelhante papel, e puni exemplarmente os perjuros, que commettêraõ tal delicto.
     Trabalhemos CC. e RR. II. em favor da Causa da Pátria, que ainda vacillante precisa dos nossos auxílios, reunamo-nos para sustentarmos o magestoso Edifício Constitucional, e independência, e seja a nossa divisa — Liberdade ou Morte.»

Cf. Manifesto do grande oriente lusitano contra a loja regeneração - e circulares e protestos desta contra o grande oriente, acompanhados da censura, e eruditíssimas Reflexões…,José Agostinho de Macedo, 1761-1831, Lisboa, 1829, págs. 43-45

Partida do Príncipe Regente de Portugal para o Brasil, aos 27 de Nov. de 1807. Litografia baseada na grav. de Francesco Bartolozzi. Pormenor.


REFUGIADOS  E EMIGRADOS PORTUGUESES

Nota 28: Durante a Guerra Civil entre Liberais e Absolutistas, surgem notícias de refugiados portugueses que parecem ser exilados políticos. Não se diz de que facção, liberal ou absolutista. Na referida Gazeta de 1829, surgem duas destas notícias que devem referir-se a exilados liberais. O que é mais curioso é que o segundo artigo se refere a um grupo de “emigrados portugueses” que pretendiam ir de Plymouth para o Brasil, independente apenas há 8 anos e ainda governado por D. Pedro Iv de Portugal / D. Pedro I do Brasil. Esses “emigrados portugueses” são referidos como estrangeiros iguais a qualquer outros mas que, ainda assim, teriam de passar por uma fiscalização “trumpiana” para poderem entrar no Brasil, governado por um rei português. Coisas difíceis de entender, sobretudo vindas de um rei português e liberal. Aliás, as perseguições de Pernambuco movidas contra os liberais e independentistas foram depois movidas contra os realistas e antipatizantes do liberalismo.

     «Consta por noticias fidedignas de França, que no principio do mez passado chegára a Ostende o Navio Inglez Heyden, conduzindo 244 refugiados Portuguezes (Oficiaes Superiores e Inferiores e soldados de diversos corpos, e algum paizanos, mulheres e crianças); é alli por hospitalidade forão tecebidos nas cazernas antigas da Cidade os que não tinhão meios de subsistencia.»
Cf. Gazeta de Lisboa, 1829, págs. 525-526.

DE PLYMOUTH PARA O BRASIL

«Lisboa, 1 de Junho.
Em hum dos Numeros do Jornal Brazileiro, intitulado = Aurora Fluminense, veio transcripto o Decreto seguinte, na parte oficial:
•Decreto.
     «Hei por bem ordenar, que a Assembléa Geral Legislativa se reuna extraordinariamente, e se installe no dia primeiro de Abril do corrente anno, por assim o pedir o bem do Imperio. José Clemente Pereira, do Meu Conselho, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios do Imperio, o faça exautar com os despachos necessarios.
     Palacio do Rio de Janeiro, em nove de Fevereiro de mil oitocentos e vinte e nove, oitavo da Independencia e do Imperio. = Com a Rubrica de Sua Magestade o Imperador = José Clemente Pereira.»
     Muitas pessoas (não he difficil advinhar-lhe o genero e talvez a especie) tomárão o trabalho de improvisar motivos para esta convocação; e algumas já sonha vão hostilidades contra Portugal etc. Forte malicia, ou forte cegueira, em ver o Decreto a que alludimos, e não ver mais abaixo hum artigo onde se explica o fim para que Sua Magestade o Imperador convoca a Assembléa Geral!
     O artigo diz:
     «Este numero começa pelo Decreto para a convocação da Assembléa Geral Legislativa no 1.° de Abril. Ouvimos dizer que esta medida he necessaria, porque os emigrados de Portugal, que estavão em Plymouth, recusando serem removidos para o interior, se propunhão a vir para o Brazil; e competindo ao Poder Legislativo, em virtude do Artigo 15, § 12 da Constituição, conceder ou denegar a entrada de forças estrangeiras de terra e de mar dentro do Imperio, ou dos portos delle: e bem que estes Portugueses não venhão armados, e possão ser admittidos como colonos, se eles se quizerem estabelecer no Imperio, como quaesquer outros estrangeiros aqui aportados, torna-se todavia indispensavel para a sua recepção o assenso da mesma Assembléa, que na sua sabedoria accordará o que melhor convier á prosperidade do Imperio.»
     Omittir documentos, troncar discursos, e depois fazer argumentos que sempre, mais ou menos, tem por baze o embuste, e por fim o transtorno da boa ordem, he tactica já velha dos revolucionarios. Se ha quem depois de tantos exemplos ainda hoje os não conheça, ou se deixe apanhar nas redes liberaes he, na verdade, digno de toda a lastima.»

Gazeta de Lisboa N.º 129, 2 de Junho de 1829, p. 525

Proclamação da Independência do Brasil, François-René Moreaux. 1844. Retrata de forma fantasiosa o momento da Proclamação da Independência do Brasil em 7 de Setembro de 1822. O Grito do Ipiranga, nome eufemístico dado à frase "Independência ou Morte".


FANATISMOS E DOGMAS

Nota 29: José Agostinho de Macedo dá conta de actos hediondos cometidos sobretudo por populares contra populares durante a guerra civil entre liberais e absolutistas, apontando sempre o dedo aos demagogos e populistas. Estes existiam em ambas as facções e foram os autores morais, e muitas vezes materiais, dessa irracional “justiça popular”. A Igreja desempenhou um papel fundamental no acicatar do ódio contra os liberais, embora também tenha havido muitos eclesiásticos perseguidos, presos e condenados por serem liberais, como aconteceu na rebelião do Porto de 1828.
     O caso que menciono em seguida mostra o fanatismo e a crueldade de ambas as partes. No dia 20 de Junho de 1828, foram executados em Lisboa 9 estudantes da Universidade de Coimbra, depois de terem assassinado dois professores da mesma instituição. O folheto (“Contra-memória”) em que me apoio refere-se sobretudo ao estudante Manuel Inocêncio de Araújo Mansilha, por ser considerado o cabecilha da rebelião liberal na Universidade de Coimbra. Aí participava em reuniões e “ajuntamentos” em que fazia a apologia do liberalismo, recrutava “pedreiros livres” e instigava a revolta violenta contra os absolutistas, que deveriam ser totalmente eliminados.
     O autor desta “Contra-memória” perde-se em argumentos mais ou menos imbecis que se prendem sobretudo com a hipotética falsificação de um assento de baptismo, como se tal fosse a maior causa e prova do carácter do assassino. Mas refere também alguns dados factuais sobre essa rebelião. Os professores assassinados no dia 18 de Março de 1828 foram Mateus de Sousa Coutinho e Jerónimo Joaquim de Figueiredo, colegas do autor da dita “Contra memória” que escreve sob anonimato. Ele refere a execução de “nove ladrões e assassinos” que seriam apenas uma pequena parte do “covil de feras” que desde 1820 se tinha instalado na universidade. Acrescenta que entre essas “feras” estavam não só estudantes mas também “Mestres e Sacerdotes”. E são precisamente estes que considera «os principais corifeus desta Propaganda, que, tornando-se em poucos dias qual impetuosa torrente, levou consigo tudo o que não sabia opor-lhe uma vigorosa e aturada resistência. Quando a entrada para a Maçonaria traz consigo uma quase certeza de ser aprovado nos exames e actos, que fará um estudante amigo do ócio e dos prazeres, e que infelizmente não recebeu de seus pais uma educação religiosa? Quando a entrada para a Maçonaria se pinta aos novos adeptos como um degrau indispensável para subir a toda a classe de honras e dignidades, que farão os próprios que, de uma parte mal seguros da fé e por outra fervendo em ambição, têm chegado ao fim da sua carreira académica?»
     Os nove executados seriam só a ponta do iceberg porque menciona a seguir cerca de «400 estudantes a favor de um rei intruso» (refere-se a D. Pedro, Imperador do Brasil) «e não chegam a 50 os que no dia 24 de Junho do presente ano (1828) conseguiram nas vizinhanças de Sernache uma glória imortal, que por certo escurece todas as mais que o Corpo Académico tem alcançado por diferentes vezes batalhando em pró da Sereníssima Casa de Bragança.» Refere-se em seguida outros levantamentos populares contra os liberais dizendo que eram esses que o faziam sentir orgulhoso em ser Português. E sublinha que «nem todos os estudantes de Coimbra são assassinos e ladrões de estrada».
     Deve haver algum equívoco nas datas porque na folha de rosto diz que a execução foi a 20 de Junho e no corpo do texto diz que foi em 22 de Junho. E o principal dia da rebelião, aquele em que terão participado cerca de 400 estudantes não teria sido o dia em que os professores foram assassinados (18 de Março) mas o dia 22 de Maio.
O que mais incomoda nestes relatos é a fundamentação da acusação e da execução, sempre impregnadas pelo fanatismo religioso.
     E é igualmente lamentável que seja sempre tão difícil encontrar notícias sobre as vítimas do liberalismo, que em vez de exercer uma censura repressiva, exerceu uma censura intelectual, pela propaganda e limpeza de provas. Foi já depois de escrever esta nota que consegui finalmente encontrar alguma referência ao assassinato dos dois lentes de Coimbra. Foi num jornal quinzenal online de Condeixa intitulado “Terras de Sicó”.
Cf. Contra-memoria sobre o chamado baptismo do réo Manoel Inocencio de Araujo Mansilha, executado a 20 de Junho de 1828. - Lisboa, na Impressão Regia, 1828 - http://purl.pt/6662


OUTRO RELATO DOS MESMOS FACTOS
 
Nota 30: Aqui fica o artigo de Cândido Pereira (Fala de 200 e não de 400 estudantes e do dia 20 de Março e não 18 como o dia do assassinato, e diz que os lentes foram assassinados a tiro e não com um punhal, como o autor da Contra-Memória escreve. Onde está a verdade? Ainda não consegui apurar…):

QUINTA DAS FERRÃS  
     «A Quinta das Ferrãs, na Barreira, está situada no limite da freguesia de Condeixa-a-Nova, fronteira com a freguesia de Sebal Grande.
     Actualmente em progressivo estado de degradação, a casa, de aspecto senhorial, foi também cenário de um trágico acontecimento envolvendo estudantes de Coimbra, lentes da Universidade e cónegos da Sé, no qual haviam de perder a vida dois lentes, assassinados, e mais dez estudantes implicados nesse acto, julgados e supliciados no cadafalso.
     Em 1828, D. Miguel, filho segundo de D. João VI, regressou a Portugal vindo do seu exílio vienense, para ocupar o trono e "extirpar o país da moléstia liberal que corrompia a sacratez das instituições", como refere o escritor Fernando-António Almeida. As festas absolutistas, manifestavam-se pelo Portugal retrógrado e obscurantista dessa época. Em Março desse ano, são dissolvidas as cortes e anunciado novo governo. Em Coimbra, a Universidade está dividida entre partidários do liberalismo e do absolutismo, políticas da legítima herdeira do trono, D. Maria da Glória e de seu tio, opositor, o infante D. Miguel. A Reitoria e a Sé são, manifestamente, absolutistas, mas uma muito significativa parte dos estudantes é firmemente liberal.
     Numa casa da alta coimbrã, na rua do Loureiro, reunia-se a sociedade secreta, de origem maçónica, intitulada "Os Divodignos". Tendo estes tido conhecimento que uma deputação formada por catedráticos e cabidos da Sé se preparava para ir a Lisboa, aparentemente saudar o novo rei, mas, sabia-se, com intenção de entregar ao monarca um extensa lista de estudantes liberais para que fossem expulsos, logo decidiram, em votação na qual participaram cerca de duzentos universitários, sortear treze elementos que deveriam ir interceptar a referida deputação, e retirar-lhe essa lista.
     No dia 19 de Março de 1828, pelas três horas da tarde, partiu de Coimbra um grupo composto por três lentes e dois cónegos, acompanhados por familiares e respectivos criados. Pernoitou a comitiva em Condeixa, no palácio do absolutista ferrenho, Francisco de Lemos Ramalho e abalou, rumo a Lisboa, pelas cinco da manhã do dia seguinte. Os treze operacionais Divodignos partiram também para Lisboa. Eram eles: Bento Adjuto Couceiro; Delfino Miranda e Mattos; António Megre; Domingos Delgado; Carlos Pinto Bandeira; Urbano de Figueiredo; Francisco do Amor Rocha; Domingos dos Reis; Manuel Inocêncio Mansilha; Francisco Bento de Mello; Joaquim de Azevedo e Silva; Manuel do Nascimento Serpa e António das Neves Carneiro. Este último, sabe-se que dormiu na Quinta das Ferrãs, propriedade do seu amigo Manuel de Freitas. Na madrugada do dia 20 de Março, reuniram-se os conjurados no lugar do Cartaxinho, termo da Ega (que na altura ainda era concelho). Entretanto, chegaram as carruagens que transportavam os lentes e restante companhia. Deu-se o assalto e toda a gente foi manietada. Buscaram-se documentos, as tais faladas listas denunciadoras. Houve tiros (apurou-se que teriam sido disparados pelo estudante Delfino de Miranda e Mattos). Dois lentes, Jerónimo Joaquim de Figueiredo e Mateus de Sousa Coutinho, tombaram mortos. Feridos, ficaram o deão da Sé, António de Brito; o cónego Pedro Falcão Cotta e Menezes e José Cândido Pereira de Castro.
     Umas mulheres da Venda Nova, que passavam a caminho da feira de Condeixa, aperceberam-se da tragédia e gritaram a uma força militar de cavalaria que ia a passar na estrada, em trânsito para Coimbra, e que logo acudiu. Nove estudantes foram presos e transportados para as cadeias de Condeixa e Rabaçal. Mais tarde, foram levados para Coimbra e daí, por barco, para a Figueira, onde embarcaram em navio, rumo a Lisboa. A sentença, ditada a 17 de Junho, condenou-os: "a que, com baraço e pregão, sejam conduzidos pelas ruas públicas desta capital ao lugar da forca, onde morrerão de morte natural para sempre". (Fernando-António Almeida).

Dos quatro que escaparam, um deles é o mesmo António das Neves Carneiro que pernoitara na Barreira. Para aí se dirige e consegue do amigo Manuel de Freitas, um cavalo com o qual chegará ao Fundão, sua terra natal.Com a ajuda do pai, médico liberal e maçon, partiu para Espanha. Aí, depois de uma atribulada paixão onde foram protagonistas duas mulheres, foi denunciado e recambiado para Lisboa, onde acabou também condenado e enforcado, em 1830.Será baseado neste rocambolesco episódio que Camilo Castelo Branco escreverá o romance "A Viúva do Enforcado".
     Francisco Bento de Mello fugiu para a Ilha Terceira, onde se juntou às tropas de D. Pedro e regressou a Lisboa com o exército vencedor. Joaquim José Azevedo e Silva, conseguiu refugiar-se em Lisboa, na embaixada da Dinamarca e partiu em barco, de Portugal. O último sobrevivente, Manuel do Nascimento Serpa, pensa-se que seria o mendigo "Fresca Ribeira" que nas ruas de Lagos "deitava gatos" em panelas e alguidares, amolava tesouras e ensinava latim a jovens estudantes.
     Uma página negra das muitas que compõem o livro da nossa História, particularmente no período da guerra civil.»
Cf. Quinzenário Terras de Sicó (Condeixa) –
* Talvez fossem 400 e não 200 os estudantes implicados na rebelião porque, em 1829, o número de alunos expulsos ascendia a 457! Faltava saber desde quando… -

* Jerónimo Joaquim de Figueiredo (1772-1828) foi professor de Medicina, director dos Hospitais da Universidade de Coimbra (1809) e um dos resistentes aos invasores franceses em 1808. Não admira que não gostasse daqueles revolucionários à francesa. Nos registos da Universidade de Coimbra, existe um apontamento biográfico sobre este lente. Aí o modo e local da morte coincide com os outros relatos, mas a data da morte é diferente, 12/2/1828. Nas “Observações” pode ler-se: 
«Serviu no Corpo de Voluntários Académicos em 1808, tendo sido encarregado de missões de reconhecimento e inspecção de fortificações na zona de Almeida. Fundou o Jornal de Coimbra em 1812, com José Feliciano de Castilho e Ângelo Ferreira Dinis. Esteve envolvido no caso da “Lanterna Mágica”, sendo suspenso por Aviso de 11.4.1818, mas foi reintegrado por Aviso de 7.6.1820. Fez parte da Junta da Faculdade de Medicina, constituída em 1823 para reforma da mesma. Vereador à Câmara Municipal de Coimbra em 1826. Em 12.2.1828, quando se dirigia para Lisboa, na comitiva que ia felicitar D. Miguel, foi assassinado no lugar de Cartaxinho, perto de Condeixa, polos chamados “Divodignos’. 
Nota: O excerto apresentado foi retirado da obra Memoria Professorum Universitatis Conimbrigensis, com a autorização do Prof. Doutor Augusto Rodrigues, editor literário.»


Sessão das Cortes de Lisboa de 9 de Maio de 1822. Óscar Pereira da Silva, 1920. O episódio  representado ilustra o momento em que vários deputados brasileiros  defendem nas Cortes que um único soberano deveria governar Portugal e Brasil.

IMAGENS: