As pessoas reais são quase sempre anónimas, invisíveis e, no entanto, são elas que constroem o mundo. Do seu suor não reza a história, a grande História, que afinal é feita de milhões de pequenas histórias insignificantes que ninguém lembra. São eles os obreiros do corpo e do espírito que mantém a vida. Encontro-os por aí, julgo conhecê-los um por um, escuto-os quando me falam e quando olho as gotas de um suor antigo misturarem-se rente aos olhos com lágrimas e centelhas de esperança renovadas todos os dias. Por eles ergo o meu cálice de utopia e brindo à sua persistência no seio de um mundo que teima em aniquilá-los desde sempre.
Os Títulos e o Devir
(Parte II, excerto)
(...)
Cântico insubmisso
Canto o indefeso
Canto o inocente
Canto o créduloO obtuso, o estúpido
Cântico inesperado
Cântico transcendente
Cântico fraternal
Com que todos lavamos as mãos
Cântico fatídico
Famigerado
Que já cantámos milhões de vezes
Em todas as nações do mundo
Cântico abrangente
Cartilha de estrelas
Canto o canto do cisne
O diálogo da água e da sede
A partilha do pão
A agonia da fome
A fúria do pó
A perfeição inútil do diamante
Instante e eternidade
É esse o segredo que se abriga em cada ser
Tudo o mais é geografia
Tudo o mais é relevo e cansaço
Espera e esquecimento...
(...)
Os Títulos e o Devir, Parte II, Suy / São Ludovino, 29/8/1993
VLAD DUMITRESCU - REAL PEOPLE III - A gente não lê - We don't read - São Ludovino
Aqui fica o testemunho da minha gratidão a Vlad Dumitrescu, excelente fotógrafo romeno, por me permitir utilizar as suas fotografias "humanas e sublimes", tal como a canção de Rui Veloso e Carlos Tê.
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Same is…, photography by © Vlad Dumitrescu
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