terça-feira, 31 de dezembro de 2024

TOMA LÁ! - 2023-2024 - Série Especial - Standing With Ukraine

      O que escrevi sobre a Ucrânia nos dois anos anteriores mantém-se inalterável: um apoio inquebrantável e uma vergonha imensa da cobardia e hipocrisia do Mundo Livre. O texto introdutório deste ano reitera tudo o que disse antes.

     É este o texto introdutório:

     Quase três anos após a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, o "Mundo Livre" continua preso aos seus medos, à sua cobardia e hipocrisia. Se não permite à Ucrânia vencer o agressor, será mesmo livre? Quem luta por todos nós contra os inimigos comuns é a Ucrânia, é Israel, não esse "Mundo Livre" que observa de longe e se perde em discursos inconsequentes que nunca passam das boas intenções. Sempre que a Ucrânia e Israel agem livremente, contra a vontade dos supostos aliados, os resultados são eficazes.

Se o "Mundo Livre" é incapaz de agir com determinação e "clareza moral", deve pelo menos dar toda a ajuda possível sem interferir nas decisões tácticas e estratégicas que podem conduzir à vitória. Se assim não for, o "Mundo Livre" é cúmplice dos crimes da Rússia e do terrorismo islâmico liderado pelo Irão, perdeu toda a credibilidade e superioridade moral.

Os BRIC / o Sul Global são responsáveis directos por todos os crimes cometidos, pelo apoio e pela subserviência que têm demonstrado aos agressores: o imperialismo colonial e terrorista da Rússia e o imperialismo islâmico e terrorista do Irão e dos seus proxies. Só aqueles que sofrem de cegueira histórica e moral não conseguem distinguir os agressores das verdadeiras vítimas, o bem do mal, a mentira dos factos. Esses são os que afirmam que uma ideia não pode ser derrotada enquanto propagam essa mesma ideia destrutiva.

O totalitarismo foi derrotado antes, pode e deve ser derrotado novamente. O imperialismo russo e o imperialismo islâmico serão derrotados, mais tarde ou mais cedo, tal como todos os impérios agressivos foram derrotados antes ao longo dos séculos. Poderiam ter sido derrotados há muito. Basta que os seres verdadeiramente humanos e dignos tenham a coragem de agir, sobretudo os que têm a capacidade de decidir.

Texto: São Ludovino.





TOMA LÁ! - III - 2023-2024

     Esta série e a série especial dedicada à Ucrânia foram elaboradas sob grande pressão e com grande falta de tempo. Nos últimos meses de cada ano acumula-se o trabalho inadiável e parece impossível conseguir fazer tudo o que há para fazer. Por isso, excepcionalmente, só consegui concluir esta série em Agosto, mas com páginas suplementares.


Toma Lá! 2023 2024 - Série III - Abril a Junho de 2024 
- Concepção & edição de #SãoLudovino


TOMA LÁ! - II - 2023-2024

      Ao mesmo tempo que elaborava a Série II do Toma Lá! de 2023-2024 continuava a Série Especial - Artes Performativas que não cheguei a concluir. Fomos todos apanhados desprevenidos pela morte de Estrela Novais (1953-2024), colega, professora, actriz e encenadora no dia 8 de Março de 2024. Alunos e professores devem-lhe muito e não a esquecerão. Foi ela que lançou e alimentou a Oficina de Expressão Dramática ao longo dos anos 90 e no início deste século. Quando foi introduzido o Curso Profissional de Artes do Espectáculo (Interpretação), hoje designado Curso Profissional de Intérprete - Actor / Actriz, ela continuou o seu labor incansável, deixando as suas lições de mestria nas artes de palco até poucos dias antes de partir. Nesta série, são-lhe dedicadas duas páginas, mas ela merece muito mais.




TOMA LÁ! - I - 2023-2024

      A publicação do folheto Toma Lá! continua e continuará. Em 2023-2024, elaborei quatro séries: três séries regulares e uma série especialmente dedicada à Ucrânia. Abaixo fica o vídeo da primeira série regular.



domingo, 31 de dezembro de 2023

TOMA LÁ! - III - 2022-2023

      Esta é a terceira série do folheto Toma Lá! de 2022-2023. Neste momento já está concluída a primeira série de 2023-2024 no formato Word, mas ainda vai levar muito tempo até conseguir produzir o vídeo correspondente. Não é possível transformar o Word em vídeo, é preciso refazer tudo novamente.

     Paralelamente às séries habituais, em 2023-2024 vou produzir várias séries especiais: uma dedicada aos "Livros Que Quase Ninguém Lê", uma dedicada às Artes Performativas, uma dedicada à Ucrânia, uma dedicada a Israel...

   

     Em baixo, mantenho a imagem vazia do vídeo anterior que estava no canal "São Ludovino". No dia 5 de Novembro de 2024, o YouTube ou alguma entidade em nome do YouTube, removeu o meu canal sem aviso prévio e sem identificar objectivamente qual a causa (vídeo, cena, imagens ou palavras), acusando-me apenas de infringir as suas políticas relativas a "Organizações Criminosas Violentas". Com este gesto digno das piores autocracias e teocracias, foram destruídos cerca de 200 vídeos, metade deles sobre teatro, que constituíam um documento oficial relativo à avaliação dos alunos e figuravam nos portfólios e currículos de inúmeros jovens actores e encenadores. 15 anos de trabalho em nome de uma acusação absurda!

     Esta nota figurará em todos os posts que contenham vídeos que estavam no canal "São Ludovino".


Toma Lá! 2022 2023 - Série III - Abril a Junho de 2023


TOMA LÁ! - II - 2022-2023

      A segunda série de 2022-2023 foi especialmente dedicada à Ucrânia e ao povo ucraniano. Na introdução do vídeo escrevi, em Fevereiro de 2023,  o mesmo que continuo a pensar hoje:

     Um ano após a invasão russa em larga escala, a Ucrânia continua a lutar e a morrer por todos nós. O Mundo Livre continua cobarde e hipócrita. Não ajuda a Ucrânia para que vença, teme a vitória da Ucrânia. Ajuda a Ucrânia apenas para que não perca mais. Tem medo de vencer a Rússia, quando esse deveria ser o principal objectivo. Só há duas formas de pôr fim a esta guerra: ou a Rússia sai da Ucrânia e devolve todos os territórios ocupados e invadidos ou o Mundo Livre apoia de facto a Ucrânia e permite-lhe uma vitória total. 
São Ludovino, Fevereiro de 2023


     

     Em baixo, mantenho a imagem vazia do vídeo anterior que estava no canal "São Ludovino". No dia 5 de Novembro de 2024, o YouTube ou alguma entidade em nome do YouTube, removeu o meu canal sem aviso prévio e sem identificar objectivamente qual a causa (vídeo, cena, imagens ou palavras), acusando-me apenas de infringir as suas políticas relativas a "Organizações Criminosas Violentas". Com este gesto digno das piores autocracias e teocracias, foram destruídos cerca de 200 vídeos, metade deles sobre teatro, que constituíam um documento oficial relativo à avaliação dos alunos e figuravam nos portfólios e currículos de inúmeros jovens actores e encenadores. 15 anos de trabalho em nome de uma acusação absurda!

     Esta nota figurará em todos os posts que contenham vídeos que estavam no canal "São Ludovino". 



Toma Lá! 2022 2023 - Série II - Janeiro-Março 2023 - Standing With Ukraine


TOMA LÁ! - I - 2022-2023

      Em 2022-2023, voltei a editar o folheto Toma Lá!, que criei há cerca de 15 anos. O propósito inicial era promover o Concurso Literário anual e fomentar o gosto pela leitura e pela escrita. Com o tempo, foi-se tornando num instrumento de criação e expressão diversificado, mas também um elo com as realidades actuais. Para além do lugar privilegiado que a Literatura e a Arte continuam a ter, agora o Toma Lá! é também um receptáculo de informação e reflexões sobre o mundo que nos rodeia, sobretudo os factos mais preocupantes que ninguém pode ignorar. 

     O grande desafio deste projecto reside no facto de o folheto ter apenas 4 páginas no formato A5. É difícil escolher textos que caibam em tão exíguo espaço. Mais difícil ainda é escrever textos com alguma complexidade em apenas 15 ou vinte linhas...

   

     Em baixo, mantenho a imagem vazia do vídeo anterior que estava no canal "São Ludovino". No dia 5 de Novembro de 2024, o YouTube ou alguma entidade em nome do YouTube, removeu o meu canal sem aviso prévio e sem identificar objectivamente qual a causa (vídeo, cena, imagens ou palavras), acusando-me apenas de infringir as suas políticas relativas a "Organizações Criminosas Violentas". Com este gesto digno das piores autocracias e teocracias, foram destruídos cerca de 200 vídeos, metade deles sobre teatro, que constituíam um documento oficial relativo à avaliação dos alunos e figuravam nos portfólios e currículos de inúmeros jovens actores e encenadores. 15 anos de trabalho em nome de uma acusação absurda!

     Esta nota figurará em todos os posts que contenham vídeos que estavam no canal "São Ludovino".


Toma Lá! 2022 2023 - Série I - Setembro-Dezembro 2022


sábado, 31 de dezembro de 2022

O Anjo de Augsburg - VII

AGNES BERNAUER NAS ARTES

* Literatura

     Tal como aconteceu com Inês de Castro, também Agnes Bernauer inspirou escritores, compositores, artistas plásticos e cineastas, não só na Alemanha, mas noutros países europeus. Para além das obras de autores célebres, como Otto Ludwigs, Joseph August Törring e Friedrich Hebbel, existem também baladas e contos populares de autores anónimos. Abaixo fica uma balada popular dialogada de autor anónimo, na tradução francesa:

     «Hebbel é o dramaturgo mais lógico, ligando da maneira mais implacável os acontecimentos aos caracteres: quase sugere o fatalismo. “Aquilo de que o homem é capaz de se tornar, isto ele já é perante Deus.” O deus de Hebbel, porém, é a História, não no sentido de Hegel, mas no sentido sociológico, como peso das tradições e convenções que se opõem à vontade do indivíduo. E Hebbel chegou a apreciar a tradição como fator positivo, superior ao arbítrio individualista. Depois da desilusão de 1848 escreveu a tragédia Agnes Bernauer: os dramaturgos que tinham tratado esse episódio da história medieval, tomaram todos o partido do príncipe bávaro, revoltando-se contra o pai que lhe mandou assassinar a amante burguesa; Hebbel, porém, aprova a “raison d’État” do velho duque que sacrifica a felicidade do filho aos interesses da coletividade.»

(in História da Literatura Ocidental, Vol. III, Otto Maria Carpeaux, Edições do Senado Federal, Brasília, 2008, p. 1725)
     

Friedrich Hebbel by Carl Rahl, 1855.

La Chanson de la belle Bernauer (1)

     Trois seigneurs sortent à cheval de Munich; ils vont vers la maison de Bernauer. «Bernauer, es-tu là-dedans, oui, là-dedans?»

     «Si tu es là-dedans, viens, sors un instant; le duc est devant ta maison, avec toute sa cour, oui, avec toute sa cour.»

     Dès que Bernauer eut entendu ces mots, elle mit une chemise blanche comme neige, pour paraître convenablement devant le duc, oui, devant le duc.

     Sitôt qu'elle parut à la porte, les trois seigneurs la saisirent. «Bernauer, que veux-tu faire, oui, que veux-tu faire?

     «Veux-tu quitter le duc, ou bien quitter ta vie, si jeune et si fraîche, être noyée dans le Danube, oui, dans le Danube?»

«— Le duc est à moi, et je suis à lui. Nous sommes fidèlement fiancés, oui, fiancés.»

     Bernauer nagea sur Veau. Elle avait invoqué Marie, la mère de Dieu, pour qu'elle l'aidât dans cette angoisse, oui, dans cette angoisse.

     «Marie, sors-moi de cette eau. Mon duc te fera bâtir une église neuve; il te fera faire un autel de marbre, oui, de marbre.»

     Dès qu'elle eut ainsi parlé, Marie, là mère de Dieu, vint à son aide, et la sauva de la mort, oui, de la mort.

     Dès que Bernauer arriva sur le pont, un Yalet de bourreau s'approcha d'elle. «Bernauer, que veux-tu faire, oui, que veux-tu faire?»

     «Veux-tu être la femme du bourreau, ou veux-tu que ton corps jeune et fier soit noyé dans l’eau, oui, dans l'eau?

«— Avant de devenir la femme du bourreau, je laisserai noyer mon jeune et fier corps dans l'eau du Danube, oui, dans l'eau du Danube.»

     A peine trois jours se sont écoulés, que la triste nouvelle parvint au duc. «Bernauer est noyée, oui, noyée.»

     «— Qu'on appelle tous les pêcheurs, qu'ils pèchent jusqu'à la mer Rouge, qu'ils cherchent ma douce amie, oui, qu'ils la cherchent !»

     Tous les pécheurs arrivent; ils ont péché jusque dans la mer Rouge, ils ont trouvé Bernauer, oui, ils l'ont trouvée.

     Ils la mettent sur les genoux du duc. Le duc verse des milliers de larmes. Comme de cœur il pleure, oui, comme il pleure!

     «Appelez cinq mille hommes; je veux faire une nouvelle guerre au seigneur mon père à l'instant même, oui, à l'instant même!»

     «Et si je n'aimais autant le seigneur mon père, je le ferais pendre comme un voleur. Mais ce me serait une grande honte, oui, une grande honte.»

     A peine trois jours sont écoulés, une triste nouvelle parvient au duc: «Le seigneur son père est mort, oui, mort

     «— Ceux qui m'aideront à enterrer le seigneur mon père doivent porter des manteaux rouges; ils doivent porter des manteaux rouges, oui, rouges.»

     «―Ceux qui m'aideront à enterrer ma belle amie doivent porter des manteaux noirs; ils doivent porter des manteaux noirs, oui, noirs.»

     «―Nous fonderons une messe perpétuelle, pour qu'on n'oublie pas Bernauer. Que pour elle on prie, oui, que pour elle on prie!»

*********************

(1) Agnès Bernauer, fille d'un bourgeois d'Augsbourg, fut épousée secrètement par Albert de Bavière, fils unique du duc Ernest. Celui-ci, pendant une absence du prince, fit saisir Agnès à Straubing, où elle habitait, et la fit jeter dans le Danube, le 16 octobre 1436. Elle surnagea pendant quelque temps, et appelait au secours, lorsqu'elle fut replongée dans l'eau par le bourreau. Albert, furieux, courut aux armes; mais, en 1437, il consentit à épouser Anne de Brunswick. Le duc Ernest avait fait enterrer Agnès honorablement, et, dix ans plus tard, Albert fonda une messe à perpétuité pour le repos de son âme. La beauté d'Agnès est restée célèbre dans son pays.

(In Ballades et chants populaires (anciens et modernes) de l'Allemagne by Hortense Cornu, Sébastien Albin Hortense Cornu, Paris, 1841, págs. 33-35.)

Agnes-Bernauer-Festspiele, 2019 - Agnes aufgebahrt in-Schwarz mit-Albrecht.

     O poema que se segue é de um autor contemporâneo, Günter Eich (1907-1972), poeta, letrista e dramaturgo alemão, polémico durante e após o nazismo. Agnes não é aqui o centro do poema, é uma referência associada a Augsburg e à luz passageira que não chega a ver-se brilhar porque é demasiado lenta ou demasiado rápida.

Augsburg

The sluggish light.

I used to like going swimming with Agnes Bernauer
but she had herself sewn into a sack
in Straubing.

Light is supposed to be fast,

but it doesn't reach me.

So she found a possibility

to escape from me,
sluggish as light,
fast as light.

Günter Eich (1907–1972)